Pesquisa mostra que ONGs empregam mais de 5 mil

Londrina – Levantamento mostra que 172 organizações não-governamentais londrinenses empregam 5.133 pessoas, numa média de 29,84 empregos por organização. Essa média sobe para 44,63 empregos por entidade, se excluídas aquelas que não empregam nenhuma pessoa (57 ONGs). Das 176 ONGs, 24% – ou seja 41 têm orçamento anual na faixa de R$ 100 mil a mais de R$ 1 milhão.

Os números fazem parte do documento Mapa do Terceiro Setor, uma iniciativa para todo o Brasil da Fundação Getúlio Vargas com apoio e parceria de várias instituições brasileiras. Os dados das ONGs de Londrina foram analisados pela profissional de estatística Ofélia Lopes, de São Paulo, coordenadora técnica do Mapa do Terceiro Setor, contratada pela Fundação Orsa.

A tabulação dos dados foi feita a partir de questionário preenchido pelas organizações que, em Londrina, receberam incentivo e apoio do programa municipal Mil ONGs. Ao todo foram catalogados 250 estabelecimentos de 231 diferentes organizações. “Mas para efeito de análise foram considerados 176 estabelecimentos de 172 organizações já que o restante não preencheu o questionário de forma completa”, explicou o coordenador do programa Luís Cláudio Galhardi.

Para ele, o levantamento possibilita ter o quadro da realidade das organizações do terceiro setor no município. “É importante conhecer a situação das entidades para que possam ser pensadas e direcionadas políticas de desenvolvimento conforme a realidade de cada organização.”

A pesquisadora Ofélia Lopes disse que os empregos gerados pelas entidades pesquisadas somam 6% do total de postos de trabalho no município. “Considerando-se também os prestadores de serviço, cuja diferença fundamental com os assalariados é somente na forma de contratação, esse percentual sobe para 8%.”

Conforme a pesquisadora estão cadastradas no Mapa do Terceiro Setor três grandes organizações. Juntas geram 3.952 dos postos de trabalho assalariado. Enquanto 24 das ONGs têm orçamento anual de acima de R$ 100 mil, grande parte (44%) sobrevive com orçamento anual de até R$ 25.000,00. “Se orçamento anual e número de funcionários contratados podem ser considerados indicadores do tamanho da organização, não são suficientes para avaliar o volume de suas operações”, afirmou Ofélia Lopes.

Ela chamou a atenção para a necessidade de aprofundar a análise dos dados orçamentários das entidades. É que muitas podem ter convênios e parcerias com organismos governamentais. Quando uma ONG firma convênio com municípios, Estados ou União, recebe recursos e, muitas vezes, executa a política conforme o projeto do parceiro governamental. Isso pode interferir, por exemplo, nos níveis salariais e na quantidade de pessoas empregadas.

“A análise das fontes orçamentárias das organizações será feita numa segunda etapa”, disse Ofélia Lopes. Mesmo assim, ela disse acreditar que a maioria das entidades do terceiro setor não mantém convênios e parcerias governamentais.

Ofélia Lopes explicou que o terceiro setor é caracterizado por organizações sem fins lucrativos, ou seja, não há rateio de lucros entre os associados.” São fundações, associações, hospitais filantrópicos e sindicatos”, exemplificou a pesquisadora. A maioria das organizações (72%) atua em quatro áreas principais, sendo educação (25%); desenvolvimento comunitário/moradia (18%); assistência e promoção social (18%) e saúde (11%). “Percebe-se que são iniciativas comunitárias para solucionar problemas cujas responsabilidades são do Estado.”

A pesquisadora disse que os resultados do levantamento são importantes para dimensionar a realidade das organizações não-governamentais. “O terceiro setor é um espaço de organização comunitária na tentativa de criar formas para governar”, comentou.

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