Paranaense freqüenta pouco os museus

?Um território de identidades. Uma oportunidade de se cruzarem, no tempo e no espaço, culturas e visões diferentes o que, no campo da realidade, não seria possível?. Com essas palavras o diretor do Museu Paranaense, Eduardo Spiller Pena, define o que seria o museu. A proposta se mostra atraente, como de fato é. Aos poucos, os visitantes aparecem, mas visitar museus ainda não é uma cultura no Paraná.

Museu de Arte Contemporânea. Museu do Expedicionário. Museu da Imagem e do Som. Museu de Paranaguá. Museu Histórico de Londrina. Museu da Bacia do Paraná, em Maringá. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), são mais de 170 museus no Estado. A oferta é grande, mas a procura não. ?O Paraná está bem servido de museus. Porém, o público paranaense ainda não está acostumado a visitá-los?, afirma Eliana Moro Reboli, coordenadora da Coordenação do Sistema Estadual de Museus (Cosem), da Secretaria da Cultura.

Os turistas vão aos museus para conhecer um pouco mais o local por onde passam. O público das escolas, também freqüente nos museus, o fazem para conhecer e aprender mais. Para os moradores, como comenta Eliana, visitar os próprios museus seria ?descobrir a própria identidade, história e arte?. É exatamente isso que falta: essa identificação. ?É importante que isso se torne hábito, pois é informação, cultura, benefício?, completa.

A presidente do Conselho Regional de Museologia do Paraná, Gina Isberner, considera que os museus possuem baixo índice de visitação por conta do ?distanciamento social?. Segundo ela, falta ?democratização deste espaço público?. ?Os museus não são engajados. Não existe um compromisso, uma comunicação eficaz com a comunidade. Não há identidade com o público. Isso se faz com políticas culturais, com uma agenda de inclusão social?, afirma.

Ainda de acordo com a museóloga, esses não deveriam ser apenas espaços para guardar patrimônio, mas sim ?espaços alegres, onde as pessoas pudessem se sentir?. ?Uma das lutas dos museólogos é justamente transformar os museus em algo vivo e interativo. É preciso que as pessoas envolvidas se conscientizem e criem condições para que isso aconteça?, conclui.

Cuidado

Essa necessidade existe, mas é preciso cuidado para supri-la, como pontua Eduardo Spiller Pena, diretor do Museu Paranaense. Segundo ele, é preciso critério para que os museus não se transformem em um ?varejão de fatos?.

?Nessa ânsia em atrair o público e divulgar o acervo, é preciso que tenhamos cuidado para não cairmos na mercantilização dos museus. Por isso, é importante que haja muito planejamento, antes de abrir ao público?, finaliza.

Curso de museologia deve funcionar em 2008

Vazios não apenas de visitantes, mas também de funcionários e gente especializada. Para suprir mais esta necessidade, estuda-se a possibilidade da criação de um curso de graduação de museologia.

A museóloga Clarete Maganhoto esta envolvida diretamente nesse processo. Segundo ela, a profissão foi instituída na década de 80, mas, até hoje, o curso existe apenas no Rio de Janeiro, na Bahia e, recentemente, em Santa Catarina. ?Aqui no Paraná temos insistido em várias instituições para tentar criar. É necessário, porque o patrimônio é valioso, mas estamos vendo isso se perder por mau uso ou falta de conservação?, afirma.

Segundo ela, a Escola de Música e Belas Artes do Paraná foi uma das únicas a demonstrar interesse em realizar o curso. Clarete adianta que, depois de muitas reuniões, este ano a grade curricular já está completa e os professores estão sendo procurados. ?A intenção é que o curso esteja funcionando já em 2008?, afirma.

Além de melhorar as atividades do ramo, do curso parece ser um verdadeiro ?filão de mercado?. ?São poucos os profissionais que atuam no Paraná. Aqui em Curitiba não há museólogos em museus, mas essa necessidade existe. Isso ainda não é cobrado, justamente porque não existem profissionais?, completa.

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