Para físico austríaco, Brasil é modelo de “humanização”

“Os maiores obstáculos para a humanização do desenvolvimento mundial são os valores adotados pelas grandes empresas, que entre priorizar o lucro ou a democracia e os direitos humanos, priorizam sempre o lucro. A sociedade industrial está interferindo na capacidade da natureza em sustentar a vida”. A declaração é do físico austríaco Fritjof Capra, que está em Curitiba para – a convite do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-PR) -proferir as palestras Humanização, Desenvolvimento e o Modelo Econômico Mundial e A Energia e a Transgenia como Elemento para a Humanização do Desenvolvimento, hoje na sede do Cietep.

Segundo Capra, para que o desenvolvimento mundial seja humanizado é preciso que haja interação entre sociedade civil, governo e o setor de negócios. No que diz respeito à sociedade civil, a atuação das organizações não-governamentais (ONGs) é o que gera valores de sustentabilidade. O governo deve utilizar sua estrutura fiscal e legal em prol da humanização. Já o setor de negócios pode contribuir no âmbito administrativo, levando seus projetos para frente sem desprezar as questões ligadas ao bem-estar humano e ambiental.

“A competitividade global desumaniza as pessoas. Temos que encontrar formas de, ao mesmo tempo, atingir as metas econômicas e valorizar as questões sociais. Mudar requer coragem”, explica o físico. “Porém, as empresas têm muito a ganhar com as mudanças, pois os clientes vão ficar felizes em saber que elas contribuem com o desenvolvimento saudável e vão contar com funcionários mais satisfeitos e, por isso, mais produtivos”.

Capra acredita que o Brasil é um dos únicos países do mundo onde governo, sociedade e empresas privadas já estão trabalhando em união e com sucesso em prol da humanização do desenvolvimento. Ele elogia as iniciativas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesse sentido e cita o exemplo da Itaipu Binacional: “Lula instituiu um canal de comunicação com a sociedade que é inédito em todo o mundo”, afirma. “Um exemplo de que no Brasil a economia funciona em bases ecológicas e ao mesmo tempo consegue retorno financeiro é a Usina Hidrelétrica de Itaipu. Nela, a água não é considerada apenas fonte de energia, mas também de vida”, completa.

Outro empecilho para o desenvolvimento sustentável apontado por Capra é o excesso de consumo material. De acordo com ele, as pessoas são constantemente bombardeadas por propagandas que dizem que a felicidade pode ser encontrada através do consumo. “Isto não é verdade”, destaca. “Encontramos a felicidade através das relações humanas e do contato com a natureza, e não pelo consumo exagerado”.

Transgênicos

Em suas palestras, Capra também deve abordar a questão dos produtos transgênicos. Ele é da opinião de que a biotecnologia dos transgênicos é um grande problema na agricultura, pois as empresas do setor vendem a idéia errônea de que os transgênicos não precisam de agrotóxicos e vão resolver o problema da fome no mundo. “Esses argumentos são falsos e desonestos”, resume.

Serviço Palestras com Fritjof Capra. Horário: das 9h às 12h e das 14h às 16h. Onde: Cietep (Avenida Comendador Franco, 1341 – Jardim das Américas). Entrada franca, mediante apresentação de convite concedido pelo Crea-PR. Mais informações: 0800-410067.

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