Ong lança corredor ecológico para preservar animais raros

A Ong Meio Ambiente Equilibrado (MAE) lança nesta quarta-feira o "Projeto Na Pegada do Parque – do Arthur Thomas ao Rio Tibagi – Corredor Ecológico", com objetivo de plantar 500 mil árvores nativas para reconectar as áreas de preservação permanentes às margens dos ribeirões Cambé, Três Bocas e Rio Tibagi, na porção oeste do município de Londrina.

São cerca de 30 Kms de margens de rios projetados para reflorestamento. O corredor ecológico começa a partir do Parque Arthur Thomas, passa pelo Parque Ecológico Daisaku Ikeda e chega ao Tibagi, manancial de abastecimento da cidade. A expectativa é completar o percurso em um prazo entre 5 e 10 anos, dependendo do ritmo de captação de árvores do projeto.

No lançamento, a Ong vai mostrar, pela primeira vez, a imagem do raro gato mourisco (*Herpailurus yagouaroundi*), tirada em 18 de outubro de 2007, por câmeras com sensor de movimento- chamadas câmeras *trapp*, na parte final do parque Arthur Thomas.

Mais recentemente, há apenas duas semanas, outro animal, também foi fotografado num local apelidado pelos pesquisadores de "Fragmento do navio", suspeita-se ser uma jaguatirica, mas a foto não é suficientemente esclarecedora. Um animal semelhante, felino não-identificado (genericamente chamado de "leopardus sp"), foi avistado em 2006 na Fazenda Refúgio, numa trilha usada por motoqueiros. Não se sabe se a foto é  do mesmo animal avistado pelos biólogos. Com base em dados científicos, a Ong afirma a necessidade urgente de recuperar e conservar estes *habitats *naturais.

Para evitar que os animais fossem caçados, todas as descobertas foram publicadas em artigos científicos pelo Brasil, mas mantidas em segredo do público local até a concepção do projeto, que visa, justamente, plantar o corredor ecológico de árvores para permitir o livre e seguro trânsito desses animais pela área de preservação.

Desde o meio do ano passado, a Ong atua para proteger o local, a própria Prefeitura, parceira do Projeto pela Sema, foi autuada por denúncia de extração ilegal de moledo, grama, solo, permissão de pastos, não recuperação de matas ciliares e permissão de depósito de entulho na área da Fazenda Refúgio.

Como funciona

A Ong capta as árvores em parceria com empresas de Londrina que precisam seqüestrar carbono. Interessados também podem aplicar em mudas no viveiro indicado pela Ong  que segue padrões de variabilidade genética, durabilidade no solo, qualidade e quantidade no coquetel de mudas de espécie nativas da nossa região de Mata Atlântica.

Os proprietários de terras às margens dos ribeirões Cambé e Três Bocas são convidados a receber as árvores pagas pelas empresas nas propriedades. Encarregam-se de cercá-las e impedir que morram, por meio de contratos de responsabilidades. Caso se neguem em colaborar com o reflorestamento, podem ser representados no Ministério Público, onde terão que se explicar.

O projeto surgiu não só da necessidade do cumprimento do Código Florestal, que prevê a preservação de pelo menos 30 metros às margens de rios como os da área – o que não tem sido cumprido em Londrina. "Queremos que os proprietários reflorestem por respeito não só à lei, mas à floresta e agora também aos animais que foram descobertos. Ninguém mais esperava que eles estivessem por ali, pois são áreas extremamente degradadas pela ação do homem. Estamos muito felizes", empolga-se o biólogo Marcelo Saru, um dos coordenadores do projeto.

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