Nuvem de pó afeta moradores na RMC

Dizer que a poeira não escolhe endereço se aplica muito bem aos moradores do bairro Santaria, em Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba. Todos os dias eles convivem com uma nuvem de pó que sai das empresas que trabalham com a extração de calcário. Muitos alegam que estão inclusive com problemas de saúde, e já pensam em mudar de endereço para fugir da situação. O problema teria se agravado nos últimos meses com a falta de chuvas.

Segundo o aposentado Ari Teixeira Martins, a situação fica pior no final da tarde, quando há muita movimentação de caminhões. ?Sempre se forma uma nuvem densa no ar?, falou. O serralheiro Álvaro Ceccon conta que não adianta limpar a casa, pois basta começar o dia que ela fica suja novamente. ?A gente acaba tendo que conviver com essa poeira?, lamentou.

Muitas árvores da região estão brancas por causa do pó.

A professora Cláudia Vanessa Martins também confirma essas informações e acrescenta que o pior são as crianças que estão tendo alergia por causa do pó. Além de problemas respiratórios, ela conta que muitos estão com problemas alérgicos na pele. ?As crianças ficam com a pele ressecada, feridas e muita coceira?, disse. Os três moradores são unânimes em dizer que a solução seria molhar o pátio e as ruas próximas às empresas para diminuir o problema.

O consultor na área de cal e calcário, Alexandre Garai, que atende empresas que atuam nos dois segmentos, explicou que os setores estão tentando se adequar às legislações ambientais que visam reduzir os níveis de poluição naquela região, bem como em Colombo e Almirante Tamandaré, que concentram o pólo produtor de cal e calcário. Entre elas está a Lei Estadual 041/02, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, que regula a emissão de materiais poluentes na atmosfera. Entre os pontos previstos na lei estão que as empresas precisam pavimentar as áreas internas ou molhar esses locais para evitar a dispersão do pó; bem como instalar filtros para reduzir s emissão. Porém a lei prevê que as empresas têm até 2007 para se adequar.

Álvaro: ?Vivendo com poeira?.

No entanto, Garai afirmou que muitas empresas estão se adiantando a esse prazo e, como forma de identificar essas iniciativas, a Associação Paranaense de Produtores de Cal (Appc) criou o Selo Verde, que será concedido às empresas que demostraram a redução dos impactos que a indústria causa na natureza. Porém ele admitiu que algumas ainda estão muito longe de atingir esses níveis. Prova disso são os altos índices de emissão de poeira.

Pela legislação, o permitido é de um limite diário de até 240 microgramas de pó por metro cúbico de ar, sendo que a média mensal não pode ultrapassar 80 microgramas, ou seja, a redução deve ser compensada em dias alternados. Porém, em medições feitas, em algumas empresas se constatou a emissão de mais de 300 microgramas em dias seguidos. Em relação às reclamações de problemas de saúde, o consultor disse que o material não é nocivo e que a baixa umidade do ar, aliada ao excesso de material particulado no ar, pode causar irritações. ?Mas isso estaria acontecendo até mesmo no centro de Curitiba e não só nessas regiões próximas às fábricas?, finalizou. 

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