Necrochorume em cemitério preocupa União da Vitória

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e a Prefeitura de União da Vitória, no sul do Estado, estão investigando a possibilidade de contaminação por necrochorume em uma região perto do Cemitério Municipal de São Cristóvão. Parte do cemitério, que tem capacidade para três mil sepultamentos, já está interditada desde 2002 para a averiguação do caso. Na última sexta-feira, o resultado do estudo encomendado pelo IAP à Prefeitura ficou pronto e apontou que existe no local um lençol freático intermediário, ou seja, que fica em uma área mais alta do terreno. A Vigilância Sanitária municipal examinará as residências abastecidas por poços na proximidade do cemitério para verificar se não estão consumindo água contaminada.

O secretário de Planejamento da cidade, Jamar Clivatti, afirma que a Prefeitura adotará as medidas recomendadas para sanar o problema fazendo também um levantamento topográfico no cemitério e determinando, assim, quais os locais em que não podem ser enterrados corpos. "Como o lençol está em parte intermediária do terreno, foram impostas algumas restrições com relação às covas. A recomendação é que seja interditada toda área que estiver a menos de um metro e meio acima do lençol", explica o secretário. Além disso, os poços de inspeção cavados no cemitério, que revelaram a existência do lençol, serão monitorados anualmente para verificar suas condições e todas as casas abastecidas por poços localizadas a um raio de 200 metros do cemitério serão verificadas a partir da próxima semana.

A chefe do escritório do IAP na cidade, Beatriz Woehl, conta que, naquela época, a interdição aconteceu preventivamente. As investigações começaram porque sepultamentos estavam sendo feitos em uma área onde a altura do aqüífero freático não estaria nas regulamentações permitidas, o que foi confirmado pelo estudo. No entanto, não é possível afirmar que houve contaminação no local por conta disso. "Estamos averiguando, em virtude da altura do lençol freático. A parte mais baixa do cemitério está interditada e não acontecem sepultamentos lá desde então", explica. Beatriz afirma que, se houver contaminação por necrochorume, o IAP vai atuar na área para contornar o problema.

A chefe do escritório do IAP em União da Vitória comenta que o órgão está regularizando gradualmente os cemitérios da região, uma vez que existe uma legislação recente que estabelece novos parâmetros para a construção dos mesmos. O secretário de Planejamento também garante que uma nova área já é estudada para abrigar um cemitério que substituirá o São Cristóvão – e dentro das normas estabelecidas pelo IAP.

Necrochorume

Elma Romanó, chefe do escritório do IAP em Ponta Grossa, mestre em Ciência do Solo e Contaminação por Necrochorume, conta que o líquido é proveniente da decomposição do corpo humano. É gerado aproximadamente um litro de necrochorume para cada quilo de massa corporal. O líquido pode levar para o solo e a água subterrânea várias bactérias e vírus causadores de doenças. "Se a pessoa morreu por doença infecto-contagiosa, os remédios, as bactérias, tudo estará agregado ao necrochorume. Ainda na decomposição, são formados dois ácidos, putrecina e cadaverina, que não possuem antídoto. Fora isso, o próprio caixão e a maquiagem se decompõem, deixando metais pesados no necrochorume", aponta.

Elma explica que a maior parte das possibilidades de contaminação acontecem em cemitérios públicos. A regularização desses locais, seguindo a legislação (federal e estadual), é difícil por problemas de documentação da área. Ela revela que existem técnicas para impermeabilizar os túmulos, o que impede a contaminação por necrochorume. 

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