Necessidade leva homens a ocupar o papel de mães

Hoje, Dia das Mães, muitos homens também estão sendo homenageados. São pais e ou mesmo tios que assumiram a difícil, mas gratificante, tarefa de cuidar de crianças sozinhos.

Gustavo Carmesini cuida de Camila, 14 anos, e João, 11 anos, desde 1998, quando sua mulher morreu. Uma mudança que ocorreu nesse período, diz, foi a maior aproximação com as crianças. Antes, embora presente, ele não vivia uma relação tão intensa. Mesmo agora na adolescência, uma das fases mais complicadas, o relacionamento tem se mantido estável e eles costumam falar sobre tudo. “Eu converso muito com eles, falamos até sobre namoro e lances de ficar”.

Mas a adaptação no início foi difícil e a avó das crianças precisava vir de São Paulo para ajudar. Aos poucos, as visitas foram rareando e ele foi assumindo as rédeas da situação. Uma das tarefas mais complicadas foi assumir as responsabilidades que eram da mulher, como acompanhar as lições de casa, supermercado, empregada, cardápio do almoço e jantar. “Agora eu me preocupo, por exemplo, se vai ter em casa a bolacha ou o iogurte que eles gostam”, comenta.

O jornalista José Fernando da Silva vive uma situação parecida, só que com os sobrinhos. Ele cuida desde 1999 de Maressa Sales da Silva, hoje com 9 anos, e Matheus da Silva, 7. Ele lembra que quando os pais das crianças faleceram ele foi para São Paulo apenas para o velório e acabou voltando com os dois. “Eles não tinham com quem ficar. Quando cheguei lá, já tinham até “leiloado” os dois para famílias diferentes. Tive que ameaçar entrar na Justiça para ficar com eles. Não queriam deixar comigo porque eu era solteiro”, fala. José Fernando e o irmão tinham passado pela mesma situação, perderam os pais quando crianças e ele resolveu ficar com crianças.

Quando voltou a Curitiba teve que readaptar o apartamento, arranjar uma empregada, procurar uma escola e ainda mudar de emprego, para se acomodar aos novos horários. No início, a maior dificuldade foi ganhar a confiança dos pequenos. “Eu nem conhecia eles direito, foi uma das minhas lutas tentar estabelecer diálogo”, comenta. O que ajudou a superar essa fase foi a formação que ele teve na área de educação infantil.

Outra mudança ocorreu em sua vida de solteiro. “Eu era um assíduo freqüentador de bares. Agora, geralmente, termina o expediente e vou direto para casa ajudar nas tarefas da escola”. Mas seus esforços têm valido a pena. “Hoje consigo ver o resultado, eles estão bem adaptados, sem nenhuma seqüela psicológica”, diz. Na última sexta-feira foi ele quem foi receber a homenagem do dia das mães na escola. E como se fossem meus filhos”, afirma.

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