Na Boca Maldita, em Curitiba, não tem assunto “proibido”

Boca Maldita é sinônimo de reunião. Seja nos bancos do calçadão, próximo aos engraxates ou de pé mesmo. Mas não pode faltar o tradicional café. Ou pelo menos a companhia que a bebida traz aos sábados. Tem gente que “bate o ponto” mesmo, todos os sábados. Ou pelo menos sempre que dá.

A atendente de caixa Luciane Vidal, do Qualitá XV, sabe os nomes de alguns clientes de cor. E já conhece as preferências deles na hora de pedir o café. “Trabalho aqui há dez anos. Então, acabo conhecendo os clientes e também o que gostam de consumir”, explica. De acordo com ela, no final de semana o movimento maior é de senhores e famílias, ao contrário dos dias úteis, quando o público é formado por quem trabalha na região. Luciane acredita que vende pelo menos uns 200 cafezinhos todo sábado pela manhã.

“Quando eu posso, eu venho. A Boca Maldita é um ponto de encontro. Se não tivesse a Boca, seria um caos. É onde a gente se reúne para encontrar os amigos, bater papo. E a tendência é desaparecer, pela idade do pessoal”, comenta o médico e professor universitário Paulo Baggio. Ele revela que se fala de tudo na Boca Maldita. “Futebol, política, mulher, novela…Aqui são amigos desde os miseráveis até os magnatas. Não se discrimina ninguém”, garante.

Gerson Gerberd, do chamado grupo Boca Santa, pondera sobre as condições do calçadão da Avenida Luiz Xavier e da Rua XV de Novembro, ressaltando a presença de moradores de rua, usuários de drogas e criminosos que circulam pelo calçadão. “Não tem policiamento. Se você reparar, está tudo pichado. Os carregadores de gás e de água andam de bicicleta sem responsabilidade e atropelam até velhinhos. Além de não respeitarem as escolas e hotéis por aqui com tanta música e manifestações. Ninguém mede os decibéis daqui”, alerta.