Mortandade de peixes pode ter quatro causas

O Centro de Estudos do Mar (CEM), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), deverá demorar uma semana para divulgar o laudo que apontará a causa da morte de 100 toneladas de peixe no litoral do Paraná.

Ontem, foram feitas novas coletas para análise de nutrientes, salinidade, clorofila e composição qualiquantitativa do fitoplâncton (microalgas), o que demandou mais tempo. Cinco laboratórios estão realizando as análises.

O problema atingiu a cidade no último dia 30, quando as toneladas de peixes começaram a surgir na baía. As autoridades envolvidas constataram que não existem novas mortes desde segunda-feira.

Atualmente, o Cem trabalha com quatro hipóteses que podem ter causado a mortandade dos peixes na baia de Paranaguá. “A primeira envolve um possível aumento na concentração de algas que produzem toxinas. Esse aumento pode levar algumas espécies à morte, tal como a sardinha xingó”, explica Camila Domit, bióloga do CEM.

De acordo com ela, essa alteração pode acontecer por mudanças de temperatura ou até mesmo das correntes marinhas. Amostras de ontem apontaram níveis elevados de duas espécies de algas tóxicas na água da baía.

Outra suposição que ainda não foi descartada envolve o derramamento de produto químico na água. “Essa sardinha vive bem próxima à superfície. Por isso, o possível produto (amônia) pode ter atingido apenas as sardinhas xingó”, avalia a especialista.

A terceira hipótese envolve uma doença ou patologia que tenha atingido apenas essa espécie. “Chegamos a ver outras espécies mortas, mas elas não chegam a 1% do total. Por isso consideramos que a mortandade foi pontual”, revela Domit.

Descarte

Por fim, as sardinhas mortas podem ser provenientes de um descarte de navio pesqueiro. “Trata-se de uma sardinha de tamanho pequeno e bastante semelhante entre si. Um peixe desse tamanho não venderia bem”, avalia.

Segundo Edmir Manoel Ferreira, presidente da Federação das Colônias de Pescadores do Paraná, atualmente a pesca de sardinha é proibida em virtude da temporada de reprodução da espécie.

“Alguém está inventando essa suposição. Os peixes que morreram são da nossa baia. Estão querendo colocar a culpa nos pescadores, que já estão sofrendo muito com essa situação”, opina.

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) já solicitou informações ao Programa Nacional de Rastreamento de Embarcações Pesqueiras por Satélite (Preps), para verificar se alguma embarcação circulou na região nesse período.

Preocupação

De acordo com Ferreira, os pescadores estão há cinco dias sem ir para o mar por causa da restrição de compra. “Eles estão passando necessidades. Precisamos de atendimento com urgência”, afirma.

A prefeitura de Paranaguá informou que já está em contato com o Ministério da Pesca no intuito de conseguir 500 cestas básicas para os cerca de 2 mil pescadores.

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