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Moradores esperam há dez anos asfalto no Uberaba

Nos dias mais secos, dona Maria Agostinha de Campos tem que trabalhar duro para tirar o pó de dentro de casa. Cada carro que passa pela esburacada rua de terra onde ela mora ergue uma nuvem de poeira. Sujeira que vai parar no chão, nos móveis e nos pulmões de quem vive ali. Problema que persiste há cerca de 50 anos, desde que ela e seu marido, Júlio, se mudaram para lá.

O curioso da história é que dona Maria não mora em uma área rural, nem em nenhuma viela. Seu endereço é a Rua Capitão Leônidas Marques, uma das principais vias da região leste de Curitiba, que liga o Jardim das Américas ao Uberaba. Com cerca de cinco quilômetros de extensão, a rua permanece sem qualquer tipo de pavimentação em um trecho de cerca de 250 metros, entre as ruas Augusto Zibarth e Arthur José Nisio.

“Quando nos mudamos pra cá, não tinha nada. Éramos os únicos moradores e a rua era só um carreirinho. Não passava quase ninguém”, recorda Maria. Em 50 anos, a região mudou completamente. A população do bairro disparou, o movimento de carros e caminhões se tornou intenso, as casas ganharam luz elétrica e água encanada. Só a rua continua praticamente igual.

Para quem passa por ali, é até difícil perceber o trecho esquecido. Para quem circula em direção ao Uberaba, após uma curva, a via principal se torna a Augusto Zibarth. Para continuar na Capitão Leônidas Marques, é necessário cruzar a pista no sentido contrário e deixar o asfalto. A partir daí, são duas quadras de terra e muitos buracos, até o local onde a pavimentação reaparece.

Marco Andre Lima
Moradores esperamhá dez anos peloasfalto. Calçadatambém não tem!

Longa espera

A espera dos moradores pelo asfalto já dura pelo menos dez anos, quando a melhoria chegou à maior parte das ruas da região. “Já cansamos de reclamar e pedir providências. Há uns dois meses, fecharam a valeta que corria a céu aberto aqui em frente. Mas asfalto, nada”, diz dona Maria.

Seu Júlio Martins de Campos, companheiro de dona Maria ao longo dessas cinco décadas, diz que já não sabe mais o que fazer para chamar a atenção das autoridades. “Já fizemos abaixo-assinado, ligamos na prefeitura, falamos com vereadores, mas só ganhamos promessas que nunca se cumprem. Os vizinhos já pensaram até em tacar fogo em uns pneus e fechar a rua, mas não adianta”, lamenta.

A poeira é o que mais dá trabalho e incomoda. “Tenho problema de asma e é terrível”, reclama Maria. Mas a segurança também preocupa. “Não tem calçada. Temos que andar no meio da rua. E tem gente estranha que usa a rua para se esconder. É obrigação da prefeitura dar um jeito nisso, porque a gente paga um imposto lascado”, diz Júlio.

Por enquanto, só paliativos

A solução, porém, ainda vai demorar mais alguns anos. Segundo a prefeitura de Curitiba, o asfaltamento da via não está previsto no orçamento desTe ano, nem no de 2014. Por enquanto, os moradores vão ter que se contentar com paliativos. A administração regional do Cajuru promete fazer, até a próxima quarta-feira, uma recuperação da rua, com colocação de saibro para tapar os buracos.

Marco Andre Lima
São duas quadras de terra e muitos buracos.
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