Mistério envolve morte de assentado no Noroeste

Cruzeiro do Oeste ?  O delegado de Cruzeiro do Oeste, Roberto Aparecido Penteado, disse ontem que as investigações indicam que houve “desentendimento entre as próprias pessoas do assentamento” antes do assassinato do trabalhador rural Francisco Nascimento de Souza, de 27 anos. “Acredito em um acerto de contas”, afirmou. Morto com oito tiros, Francisco teve o corpo encontrado na manhã de anteontem, em Mariluz, na estrada que liga a sede do município ao assentamento Nossa Senhora Aparecida, onde ele morava.

O delegado, porém, não descarta a possibilidade do sem-terra ter sido vítima de seguranças de fazendeiros, conforme suspeita manifestada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e pela organização não-governamental Terra de Direitos. “Não temos nenhuma informação, nenhum indício de envolvimento de pessoas de fora do assentamento “, afirmou. “Por enquanto não temos certeza a respeito do fato.”

O delegado conseguiu ouvir até agora apenas a viúva de Francisco, cujo corpo foi enterrado ontem. Apesar das dificuldades que está tendo para ouvir pessoas que moram no assentamento Nossa Senhora Aparecida, onde o trabalhador vivia com outras cerca de setecentas famílias, Penteado acredita que poderá encerrar o inquérito em 30 dias e provavelmente apontar o criminoso. “Mesmo que saibam alguma coisa eles não falam”, lamentou.

Segundo o delegado, o sem-terra estava fora de casa havia uma semana. No domingo foi realizada uma festa, perto do assentamento, onde ele se reencontrou com a mulher. Na volta, ela teria ido de carona, deixando o marido no local.

Segundo o coordenador da Terra de Direitos, advogado Darci Frigo, os líderes do acampamento já haviam recebido ameaças. Frigo disse que trabalha com duas hipóteses. A primeira envolvendo diretamente os fazendeiros. Segundo ele, em uma das reuniões do Primeiro Comando Rural (PCR), entidade criada no interior do Paraná, com o intuito de defender as propriedades, teria circulado um documento com o nome dos líderes do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) na região, entre eles o de Souza. Frigo disse que em abril ele já teria sido seguido por uma caminhonete.

O coordenador do PCR, Humberto Sá, está em Mato Grosso e não foi encontrado. A outra hipótese é que Francisco teria sido atraído por pessoas de fora do assentamento, que ainda não teriam sido identificadas. Tanto que ele ficou uma semana afastado. Frigo disse que os sem-terra afirmaram não haver qualquer problema no assentamento que levasse o trabalhador a se afastar.

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