Missas de Finados reúnem multidão em Curitiba

Católicos de Curitiba aproveitaram o dia de ontem para celebrar a vida e ao mesmo tempo rezar pela memória de seus entes já falecidos. Em diversos cemitérios e paróquias da cidade, foram rezadas missas e realizadas orações.  

No Cemitério do Água Verde, apesar da chuva, diversas pessoas participaram da missa de Finados, que ocorre há três anos e já está se tornando tradicional. ?Vale a pena participar da missa mesmo com chuva. É o segundo ano que participo e me traz muito conforto. Faz com que eu me sinta melhor?, disse o técnico em manutenção Paulo Mota, que rezava pela mãe, pela cunhada e pelo irmão já falecidos.

Este ano, a celebração foi comandada pelo arcebispo metropolitano de Curitiba, dom Moacyr José Vitti, e pelo padre Reginaldo Manzotti, da Igreja Nossa Senhora de Guadalupe, no centro. ?Hoje (ontem) não é um dia de tristeza. Pelo contrário, é um dia voltado à celebração da ressurreição. Nós temos muito medo da morte, mas devemos entender, através da fé, que a morte é a porta de entrada para a vida eterna e para o encontro com Deus. Devemos refletir sobre a realidade da morte e da vida?, afirmou dom Moacyr.

No Cemitério Parque São Pedro, no bairro Umbará, foram realizados dois cultos ecumênicos. Os eventos religiosos reuniram principalmente pessoas que compareceram ao local para depositar flores e velas nas sepulturas de familiares e amigos. Logo na entrada do cemitério, os presentes também puderam externar a dor através da colocação de mensagens em um jardim central. A atividade, considerada terapêutica, proporcionou alívio a muita gente. Foi o caso da diarista Dirce Janiack, órfã de pai, mãe e irmão. ?Deixar uma mensagem aqui (no jardim) minimiza a dor. Acredito que, de alguma forma, meus familiares já falecidos vão sentir o carinho que tenho por eles?, declarou.

O Cemitério Parque São Pedro também se preocupou com a dor das crianças, que muitas vezes têm mais dificuldades de entender a morte do que os adultos. Foi destinada a elas um espaço artístico. Nele, elas eram convidadas a fazer um desenho que expressasse uma mensagem às pessoas já falecidas. Muitos meninos e meninas desenharam flores e representações do céu. ?O objetivo do trabalho é fazer com que as crianças não fiquem tristes e encarem a morte com tranqüilidade, sem medo. Elas devem aprender que a morte não é uma coisa ruim?, informou o diretor de marketing do cemitério, Ronaldo Vanzo.

Missas também foram realizadas nos cemitérios do Campo Comprido, Abranches, Nova Orleans, Santa Felicidade, Boqueirão, Santa Cândida e São Francisco de Paula (Municipal). Ao longo do dia, muitas pessoas também procuraram o Santuário do Perpétuo Socorro, no Alto da Glória, onde foi realizada bênção de velas e flores.

Guarda-chuva para ir ao cemitério

Lígia Martoni

Lucimar do Carmo
Mau tempo também prejudicou venda de flores e velas.

Tradicional no Dia de Finados, a chuva de ontem em Curitiba obrigou os visitantes dos cemitérios a levar o guarda-chuva a tiracolo e atrapalhou, em parte, a venda de flores e velas. Mesmo assim, desde cedo o movimento já era intenso nos principais cemitérios da cidade.

No Cemitério São Francisco de Paula, um dos mais movimentados, gente de todas as idades circulava pelo local levando flores e acendendo velas para os mortos. Como todos os anos, o túmulo mais visitado era o de Maria Bueno, a jovem que, assassinada pelo namorado por ciúme em 1893, foi canonizada pelo povo e, segundo os devotos, opera milagres. ?Tenho um filho que estava perdido nas drogas e foi libertado. Maria Bueno ajuda a muitas pessoas. É uma santa?, conta o chaveiro Ailton Santos, que acordou cedo ontem para visitar o túmulo. Na pequena capela onde o corpo está enterrado, voluntários iniciaram a contagem das pessoas que visitavam o local, registrando dados dos devotos e graças concedidas. Por meio de doações, o local foi todo revitalizado para receber os fiéis.

Flores

Para quem é fiel nas idas aos cemitérios em Finados, nem a chuva foi capaz de impedir a visita a familiares ou amigos mortos. O jardineiro Romildo José de Araújo, seguindo a tradição, fez uma peregrinação por cemitérios de Curitiba para lembrar os entes queridos. No Cemitério do Santa Cândida, ele foi para levar flores à mãe e, depois, seguiu para o São Gabriel para visitar os irmãos e um sobrinho. ?Não tem como deixar de cumprir a obrigação. Com ou sem chuva, mãe é uma só e a gente tem que levar flores e acender velas para indicar a presença?, acredita.

Mas como nem todo mundo faz como seu Romildo, sobrou para os comerciantes reclamarem do tempo ruim. A vendedora Tereza de Oliveira, que trabalhava nos arredores do Cemitério Municipal, diz que muita gente deixa de sair por causa da chuva, ainda que fraca, o que reflete nas vendas na melhor data do ano para as floriculturas. ?Mas ainda bem que tem gente que não falha. Para muitos, é tradição?, conta a comerciante, que trabalha há 27 anos no ramo.

Próximo ao Santa Cândida, o proprietário de floricultura Daniel Luiz Wosch também lamentava o tempo, reclamando diminuição no movimento. Mas nem cogitava prejuízos. ?As vendas aumentam 100%. O cemitério vira um lugar mais alegre neste dia.?

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