Ministério Público discute riscos de hidrelétricas

As discussões em torno da instalação de usinas hidrelétricas no Rio Tibagi, no norte do Estado, voltam à tona hoje. A Promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual, em Londrina, convocou uma audiência pública para discutir a possibilidade de riscos que as obras de implantação da Hidrelétrica de Mauá pode acarretar para o abastecimento de água nas cidades da região. A reunião está marcada para as 14h, no auditório da Câmara Municipal de Londrina.

Além de representantes da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) e do Consórcio Energético Cruzeiro do Sul (Copel e Eletrosul) também foram convocados técnicos de órgãos públicos da área ambiental e de saúde.

A promotora Solange Novaes da Silva Vicentin, que vai presidir a audiência, espera que entre 80 e 100 pessoas estejam na audiência, que ainda contará com a participação de promotores de justiça de nove municípios, que segundo Solange, podem arcar com conseqüências da instalação da usina.

Entre outros possíveis problemas em torno da construção da usina, a promotora afirma temer pela qualidade da água usada para abastecer a região. “Essa possibilidade existe e está prevista, inclusive, no Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima)”, afirma.

Solange explica que algumas microcistinas, que aparecem em represas, podem se tornar toxinas, o que representaria um perigo para a saúde da população e para a preservação do ecossistema.

O superintendente geral do consórcio responsável pela implantação da usina, Sérgio Luiz Lamy, afirma categoricamente que foram realizados os estudos de impacto ambiental e que todos os riscos da construção da hidrelétrica foram previstos.

“Nós estudamos todos os impactos. As previsões foram realizadas tanto pela empresa contratada para elaborar a EIA/Rima quanto por equipes técnicas da Copel”, afirma.

Quanto à qualidade da água, Lamy ressalta que a barragem vai ficar há 121 quilômetros da cidade de Londrina, o que afasta a possibilidade de contaminação causada pela incidência humana. Mesmo assim, o superintendente explica que serão adotadas uma série de medidas para minimizar o risco de deterioração da qualidade da água.

“O projeto de implantação prevê uma margem de 100 metros de mata ciliar, o que pode barrar a contaminação de fatores externos. Além disso, será feita uma limpeza, com a retirada de biomassa e de construções. Tudo para evitar uma contaminação”, afirma Lamy.

A Usina Hidrelétrica de Mauá deve ser construída entre os municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira, na região central do Estado. De acordo com os prazos estabelecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a usina deve entrar em operação comercial a partir de 2011.