Meio milhão de foliões atrás dos trios da Caiobanda

O segundo dia de Carnaval no litoral paranaense foi de muita chuva e vento. Porém, os foliões – que trocaram fantasias por capas e guarda-chuvas – não deixaram de curtir. Na beira-mar de Caiobá, segundo a Polícia Militar, quase 500 mil pessoas caíram na folia com os dois trio-elétricos da Caiobanda, na madrugada de ontem.  

Alguns foliões preferiram ficar sobre as marquises ou nas varandas dos prédios – que estavam enfeitados. Já os que resolveram enfrentar a água reclamaram do mau tempo, mas mantiveram a animação e, mesmo que apenas na cabeça, ainda arriscaram ousar na fantasia. ?A chuva atrapalhou um pouco, mas não tem problema. Está bem legal?, disse Thiago Giangiullo, que, como as amigas, estava de peruca colorida.

No meio da folia também estavam, pelo segundo ano consecutivo, o Bloco dos ?Pé vermelho?, de Arapongas. ?Este ano estamos em mais de 15 pessoas. A chuva não impede a animação?, afirmou um dos integrantes, Anderson Rompinelli.

Outro bloco numeroso, que chamou a atenção pela empolgação, foi o ?Galera de Araçatuba?. Eles participam da Caiobanda há oito anos. ?Começamos com cinco pessoas e este ano somos 22. A cada ano, o Carnaval aqui no Paraná fica melhor?, disse o casal Rose e Fabrício.

Grande efetivo da Polícia Militar garantiu que não houvesse nenhuma ocorrência grave.

Enquanto na folia alguns suavam de tanto pular, outros suavam de trabalhar. A chuva não atrapalhou o trabalho das irmãs Valdirene, 24 anos, e Thaís Silva, de 19, que entre os foliões juntavam as latinhas de cerveja. Mas quem ganhou a madruga de ontem em Caiobá foi mesmo o vendedor ambulante Alexandre Régis, 26. Ele vendia capas de chuva. ?Agora no início já vendi oito capas. Pelo tempo, acredito que ainda vou vender mais. O bom de estar aqui no Carnaval é que, além de ganhar dinheiro, eu também curto?, animou-se.

Problemas

Durante a Caiobanda, a festa estava animada, cheia e bastante segura pela presença de um grande efetivo da Polícia Militar – o que garantiu que não houvesse nenhuma ocorrência, segundo a própria PM. No entanto, a beleza da festa não conseguiu disfarçar os problemas.

Nas calçadas quebradas e no asfalto da Avenida Atlântica, por onde passaram os trios e os foliões, a água da chuva ficou empoçada, causando transtorno e mostrando onde é preciso investir para melhorar a festa para os próximos anos.

Antonina

A folia também foi boa em Antonina, durante o desfile das escolas de samba, quando mais de 30 mil pessoas, segundo a PM, participaram da festa. O segundo dia de desfile de Paranaguá também seria na noite de domingo, mas foi transferido para a noite de ontem, por conta da chuva. Além da festa de Paranaguá, ontem tinha a 26.ª edição da Banda de Guaratuba, que prometia ser animada. Um público grande, de mais de 500 mil foliões era esperado na Avenida Ponta Grossa, onde cinco trios e duas escolas de samba – uma local e outra de Antonina – fariam a alegria.

Gabaon troca folia por oração

Cintia Vègas

Pessoas de todas as idades estão trocando a folia do Carnaval pela oração. Elas participam da 14.ª edição do Gabaon, o Carnaval Cristão. O evento é promovido pela Renovação Carismática Católica da Arquidiocese de Curitiba, no Marumby Expocenter. O Gabaon teve início no domingo e termina na noite de hoje. É composto de diversas atrações, como missas, apresentações de bandas católicas, comercialização de alimentos e venda de artigos religiosos. Reúne entre 6 mil e 8 mil pessoas a cada dia e tem como valor de entrada R$ 1 ou um quilo de alimento não-perecível.

?O objetivo é dar uma opção de lazer diferente às pessoas que não gostam de Carnaval. As pessoas que participam de nossa festa buscam a mensagem de Deus e se abstêm do álcool, das drogas, da violência e de outras coisas que costumam ser típicas do período de Carnaval?, comenta o vice-coordenador do Gabaon, Luis César Martins.

O casal de namorados Devanir Donato Nunes e Claudemir Fernandes dos Santos já integra o público fiel que participa do Gabaon. Ela freqüenta o evento há três anos. Ele, há dois. ?Não é porque oramos e cantamos músicas católicas que deixamos de nos divertir. Não gostamos do Carnaval convencional e enxergamos no Gabaon uma ótima opção para este período?, concordam.

A aposentada Jovilde Olibone sempre participou do Carnaval Cristão de Cuiabá, no Mato Grosso. Há três meses em Curitiba, ela descobriu que o evento também acontecia por aqui. ?Adoro participar. Sempre levo para casa uma mensagem bonita e de renovação. Me sinto bem e não me faz falta a folia carnavalesca?.

Londrina: 20 mil assistem ao desfile

Elizangela Wroniski

Mais de 20 mil pessoas assistiram ao desfile das escolas de samba de Londrina, no Autódromo Ayrton Senna. No sábado à noite, as duas escolas do grupo de acesso abriram a festa e depois os foliões puderam dançar ao som dos Originais do Samba. No domingo à noite, a folia continuou com o desfile das quatro escolas do grupo principal. A apuração será hoje no Ginásio de Esportes Moringão e a entrega dos troféus amanhã.

No domingo à noite foi a vez do grupo principal desfilar e mais uma vez as arquibancadas ficaram lotadas, com cerca de 10 mil pessoas. A escola Império da Zona Norte levou para a avenida o enredo que falava sobre o projeto Bem Te Vi, que procura ajudar a população carente da cidade através de oficinas socioeducativas. Mas o programa está desativado por falta de apoio. A Escola de samba Garotos Unidos da Zona Sul levou para o sambódromo o universo infantil com as suas histórias, desde Monteiro Lobato até Walt Disney. A festa continuou com o desfile da Quilombo dos Palmares e depois Gaviões Londrinenses. A apuração será hoje, às 14h, no Ginásio Moringão e amanhã, às 16h, no Museu de Arte de Londrina, a entrega dos troféus às escolas campeãs.

A Prefeitura investiu cerca de R$ 300 mil. Cada escola do grupo A recebeu R$ 24,9 mil e as do B, R$ 16,9 mil. O restante da verba foi destinada para a infra-estrutura como as arquibancadas e banheiros.

Mas as noites de Carnaval em Londrina não se resumiram apenas aos desfiles e bailes nas ruas. Um dos mais tradicionais clubes da cidade, o Londrina Country Club, abriu as portas e cerca de 1,6 mil pessoas pularam duas noites de Carnaval. A banda que animou a festa foi a Biss, que tocou marchinhas, axé, samba enredo e funk.

Animação nos clubes de Maringá

Lígia Martoni

O Carnaval em Maringá foi animado para os que escolheram as tradicionais festas nos clubes para os dias de folia. Famílias inteiras dançaram a noite toda nos salões ao som de marchinhas e muito axé, com direito a fantasias e até tambores japoneses. Os principais clubes da cidade encerram a festa hoje com matinês para os pequenos.

No Clube Olímpico, cerca de duas mil pessoas participaram do baile durante a madrugada de ontem. Sob o tema Carnaval Tropical, os participantes garantiram roupas frescas e as camisetas dos blocos. No palco, a banda Fonte Luminosa garantiu o axé e, claro, as eternas marchinhas. ?O repertório é sempre variado para agradar tanto os foliões tradicionais como a juventude?, diz o presidente do clube, Osvagno da Silva Sá. Hoje, às 15h, é a vez das crianças dançarem na matinê. As melhores fantasias serão premiadas.

No clube Acema, que congrega a colônia japonesa de Maringá, a temática carnavalesca se mistura aos motivos orientais. Na decoração, ingredientes japoneses dão toque especial ao samba e às marchinhas que animam o salão. Eduardo Nishioka, do departamento social, conta que no domingo a ala jovem incluiu na festa uma apresentação de suri dance (coreografia típica dançada ao som de tambores): ?Fizemos uma estilização com ritmo um pouco mais rápido para que o pessoal dançasse como se fosse axé?. Ontem, com participação de cerca de 600 pessoas, o baile foi tal como os tradicionais de Carnaval, mas a temática japonesa apareceu mais uma vez nas fantasias dos blocos, que não deixaram as origens de lado nem para se entregar aos ritmos nacionais. Hoje a festa termina com concurso de blocos e fantasias infantis durante a matinê, que começa às 15h.

Disputa acirrada no Bem Bolada

Roger Pereira

Foto: Valquir Aureliano

Sara Fernanda: preparação garantiu a vitória.

Dieta e academia desde o início do ano, semana procurando uma fantasia adequada e um dia inteiro no salão de beleza fazendo unha, cabelo e maquiagem. Todo esse esforço foi recompensado na noite de domingo, quando Sara Fernanda, de 23 anos, foi eleita a rainha da noite curitibana ao vencer o concurso Bem Bolada 2007.

Representando o Crystal Night Club, a loira empolgou o público (mais de mil homens) e arrancou as notas mais altas dos jurados, que tiveram a missão de avaliar as 19 concorrentes ao prêmio mais cobiçado do Carnaval curitibano.

A disputa pela coroa foi bastante intensa entre Sara e Sandra Lemos, uma morena alta que também representava a Crystal. Mas, se nas qualidades físicas Sandra parecia imbatível, a loira levantou a galera esbanjando simpatia e muita ousadia, atendendo, inclusive os pedidos de ?tira, tira? que ouvia da platéia. E os gritos de ?já ganhou? vindos da galera acabaram influenciando a decisão dos jurados. Por diferença mínima, os julgadores determinaram a vitória de Sara, deixando Sandra com o título de princesa, o equivalente ao segundo lugar do concurso. Luciane, da Gold Star, ficou com a terceira posição, enquanto Angelita, da Class, levou o prêmio de simpatia e Gisele Bourbon, da Mel, foi eleita a Mulata Bem Bolada.

?Valeu a pena. Foi o primeiro concurso que participei. Gostei bastante, já pode me confirmar na disputa do ano que vem?, disse Sara, após receber a faixa. ?É uma grande festa e nossa chance de ser mais vista e, talvez, ainda valorizar nosso cachê?, completou. Sandra admitiu que esperava vencer, mas disse ter ficado feliz com a vitória de uma amiga. ?O troféu ficou em ótimas mãos?.

Mau tempo não estraga festa em Foz

Mara Andrich

Cerca de 25 mil pessoas estiveram ontem no desfile de três escolas de samba de Foz do Iguaçu: Acadêmicos Magia e Esplendor, Unidos do Maracanã e Império das Cataratas. Na noite de domingo, mesmo com muita chuva, o público também lotou a Avenida Duque de Caxias. Hoje acontece a escolha da campeã, a partir do meio-dia.

Neste ano foi criada a Liga das Escolas de Samba da cidade. Segundo o presidente da Fundação Cultural de Foz, Rogério Bonato, a liga foi criada para facilitar as negociações com a Prefeitura no que diz respeito a patrocínios. O presidente da liga, Afonso Brizola, reconhece o empenho da Prefeitura, mas reclama da falta de apoio dos empresários. ?Se os hoteleiros de Foz investissem no Carnaval daqui, quem sabe chegaríamos a ser como o Rio de Janeiro e o turismo aumentaria?, opinou.

Mas o Carnaval de Foz, um dos mais movimentados do Estado, não se limitou às escolas de samba. Como a cidade de Foz do Iguaçu tem a característica de receber foliões das mais diversas nacionalidades, devido às fronteiras, as festas são para todos os gostos. Desde os bailes tradicionais, com as marchinhas de Carnaval, até as casas noturnas com DJs e bandas tocando o tradicional axé-music.

Várias atrações divertidas fizeram parte da programação, como o bloco da Menina Veneno, no sábado, bloco de homens que se fantasiam com roupas de mulher e os blocos dos Piás e dos Machões; o primeiro, das pessoas idosas e o segundo, de mulheres vestidas como homens. Ainda na noite de domingo, o bloco dos Pierrôs trouxe o Carnaval ?mais família? à avenida. ?Com os pierrôs pudemos resgatar as marchinhas, que estão um pouco esquecidas?, comentou o presidente da Fundação Cultural.

Curitiba: bailes nas Ruas da Cidadania

Andréa Bordinhão

Nem o friozinho de ontem espantou o público dos bailes de Carnaval das Ruas da Cidadania de Curitiba. Cerca de 1,5 mil pessoas lotaram os ginásios da Fazendinha e do Bairro Novo. A criançada pulou a tarde inteira ao som de músicas infantis e típicas de Carnaval.

?Estes bailes são ótimos porque só famílias freqüentam. Não tem bagunça, nem brigas?, contou Sônia Carvalho, que estava acompanhando as filhas Jenifer, 17 anos, e Juliana, 3 anos. ?E a noite eu volto para o baile adulto?, contou Jenifer.

A turma mais animada estava com Maria José Ançai. As dez crianças brincavam e dançavam à vontade ao som da banda Lefigarro. ?Eu trago as crianças todos os anos aqui. É bem seguro. Tem até ambulâncias ali fora caso aconteça alguma coisa?, afirmou.

O membro da comissão executiva do Carnaval 2007 da Fundação Cultural de Curitiba e um dos organizadores do Carnaval da Rua da Cidadania da Fazendinha, Jaciel Teixeira, contou que o baile é promovido há sete anos pela Prefeitura. ?A idéia é descentralizar os bailes e levar o Carnaval para os bairros também?, explicou.

Retiro

Alguns jovens preferiram a tranqüilidade ao invés da folia de Carnaval. Cerca de 120 meninos e meninas, com idade entre 14 e 25 anos do Movimento Espírita, estão participando de um retiro nas Faculdades Integradas Espírita, organizado pela Iniciativa das Religiões Unidas e da Federação Espírita do Paraná. Durante o retiro os jovens participam de oficinas e palestras.

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