Médicos querem profissão valorizada

Os médicos paranaenses discutem hoje à noite, em assembléia extraordinária na Associação Médica do Paraná (AMP), em Curitiba, o movimento de valorização da profissão, que pede reajuste nos valores de serviços prestados aos planos e seguros de saúde. Há uma possibilidade de a categoria não atender os usuários de algumas empresas. Os médicos também querem a implantação da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (Cbhpm), que servirá de parâmetro para a remuneração. Os profissionais associados às operadoras não têm aumento há nove anos.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar), Mário Ferrari, a Comissão de Honorários Médicos, composta pelas entidades da categoria, está negociando com as operadoras desde dezembro do ano passado. Na assembléia de hoje, serão exibidas todas as negociações realizadas e as propostas das operadoras. “Pretendemos também obter autorização para tomar as medidas judiciais e administrativas cabíveis, caso necessário”, conta Ferrari.

Os médicos discutirão a possibilidade de os atendimentos de alguns planos e seguros de saúde serem suspensos. Há uma orientação do movimento nacional para que isso aconteça. “Há um impasse em todo o Brasil. Em alguns estados, como Pernambuco e Bahia, a paralisação pode ser adotada. Mas nós não queremos trazer prejuízos aos usuários, que sempre pagam mais e não recebem atendimento de qualidade”, comenta Ferrari.

O presidente do sindicato critica a atuação das operadoras de planos de saúde como intermediárias entre os médicos e os pacientes. “Esse modelo é aplicado há trinta anos e as partes ficam prejudicadas. O médico não é tratado bem e o usuário continua pagando valores muito altos”, justifica Ferrari.

A Cbhpm foi formulada por entidades médicas em 2003, depois de dois anos de estudo. O Conselho Federal de Medicina determinou a classificação como padrão mínimo e ético de remuneração dos procedimentos médicos. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) criou esta semana um grupo para analisar a Cnhpm e suas repercussões no setor. A equipe vai convidar os responsáveis pela elaboração do parâmetro para apresentarem os estudos técnicos. O grupo mostrará os resultados da análise em dois meses.

No Paraná atuam cerca de 15 mil médicos. Mais de 70% deles estão associados a serviços de planos e seguros de saúde, que reúne quase dois milhões de usuários no Estado. Os 7,5 mil médicos de Curitiba e Região Metropolitana foram convidados a participar da assembléia. As demais cidades estarão representadas por integrantes do Conselho Regional de Medicina, AMP, Sindicato dos Médicos e sociedades de especialidades médicas.

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