Perigo

Médicos legistas pedem providências contra radiação

Dois auxiliares de necropsia do Instituto Médico Legal de Curitiba foram diagnosticados com nível de radiação maior do que o normal em um laudo feito pela empresa Pro Rad, do Rio Grande do Sul. O documento, datado de 04 de novembro de 2011, foi entregue ao órgão e desde então, segundos os próprios servidores infectados, nada foi feito.

Para questionar quais as providências que estão sendo tomadas em relação ao assunto, a presidente da Associação dos Médicos Legistas do Paraná, Maria Leticia Fagundes, enviou nesta quarta-feira (14) ofício à direção do Instituto Médico Legal.

“Fui procurada por estes dois servidores. Eles não estão se sentindo bem, estão com medo de trabalhar. Há mais de um mês foram diagnosticados com um nível de radiação maior do que o normal e até agora sequer foram chamados pela direção para serem examinados. Precisamos saber o porquê disso”, questiona a médica legista.

O laudo mede as doses individuais de radiação a que funcionários ficaram expostos no período de 15 de agosto a 14 de setembro de 2011 devido ao trabalho com o aparelho de raio x do IML. Para fazer a medição, os funcionários ficaram com um dosímetro junto ao corpo enquanto estavam no raio x fazendo o exame no cadáver.

No documento, dois auxiliares de necropsia aparecem com dosagens 2.6 e 2.0, respectivamente. Essas dosagens, segundo o documento da Pro Rad, são “iguais ou superiores ao nível de investigação”. Os demais funcionários avaliados apresentaram radiação de 0 / 0,2, em média.

Ainda segundo o laudo, a solicitação feita é que se “investiguem as circunstâncias que ocasionaram os fatos e sejam adotadas medidas corretivas que tornem improvável a repetição de tal situação”. “No entanto, os servidores diagnosticados com essa dosagem não foram procurados e continuam trabalhando normalmente, inclusive se expondo à radiação do aparelho raio x diariamente”, afirma Maria Leticia.

Um dos servidores com alto nível de radiação chegou a relatar que não vem se sentindo bem e tem apresentado sintomas como falta de ar, dificuldade para respirar e cansaço. Ainda segundo Maria Leticia, normalmente os servidores trabalham com o aparelho raio x sem qualquer tipo de proteção e que a manutenção do aparelho também é rara.

“Diante dessa situação resolvemos oficiar o diretor do IML para que ele nos conte o motivo dessa falta de preocupação. A nosso ver o laudo demonstra um grave problema e que deve ter toda a atenção do Instituto. Não podemos ficar de braços cruzados enquanto estamos trabalhando nessas condições”, diz a médica legista.

O ofício enviado pela presidente da Associação traz os seguintes questionamentos:

– Quais as providências que a direção do IML tomou diante do laudo?
– Os funcionários foram chamados para serem examinados?

– Foram investigadas as causas da contaminação?

– Os funcionários apontados no laudo com níveis de investigação de radiação continuam trabalhando normalmente?

– Foi feito algum controle no aparelho raio x que estaria contaminando os servidores do IML?

– Qual a periodicidade da manutenção deste aparelho no IML?

– Por que esse laudo foi feito por uma empresa do estado do Rio Grande do Sul?

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