Marcha de sem terra chega ao fim no Paraná

A marcha do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na região sudoeste do Paraná terminou ontem com a chegada ao município de Francisco Beltrão.

Iniciada no último dia 14, a marcha saiu de dois municípios simultaneamente: Capanema e São Jorge do Oeste, percorrendo cerca de 20 cidades e 350 quilômetros.

O movimento foi organizado para reivindicar agilidade no processo de reforma agrária e protestar contra a prisão de quatro integrantes do MST em Francisco Beltrão depois da ocupação na Fazenda Araçá, no município de Marmeleiro.

A chegada aconteceu em três frentes, com cerca de 300 pessoas em cada uma delas, de acordo com um dos coordenadores regionais do MST, Edson Bagnara. Um dos grupos passou a noite anterior na entrada da cidade, outro no Parque de Exposições Jaime Canet Junior e outro no pavilhão de uma igreja no município de Marmeleiro, próximo a Beltrão.

Na chegada a Beltrão, o MST organizou um ato público no calçadão da Praça da Matriz. Logo no início da tarde, uma audiência pública foi promovida no auditório da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), com a participação de autoridades políticas e representantes das ouvidorias agrárias do Estado e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Além dos sem terra presos, outro assunto abordado na audiência pública foi a situação das famílias do MST na Fazenda Videira, no município de Guairaçá, noroeste do Paraná.

“As famílias estão em situação de extremo risco e isolamento, em que todos têm que dormir dentro de um único pavilhão e com dificuldades em obter água”, contou Bagnara. O MST promete uma mobilização no dia 12 de agosto para protestar contra a situação.

Antes disso, a mobilização deve ser em favor dos sem terra presos em Francisco Beltrão. “Na semana que vem, vamos intensificar a campanha de solidariedade aos companheiros presos, ao mesmo tempo que advogados estão colhendo provas e testemunhas para provar a inocência deles”, disse o coordenador.

De forma geral, a marcha foi avaliada pelo MST como um bom canal para abrir o diálogo com a sociedade local sobre os problemas enfrentados no campo. “Tivemos uma boa recepção, com pessoas cedendo alimentos e alojamento. Conseguimos fazer um bom debate sobre a reforma agrária e discutir a construção de um modelo agrícola que privilegie a democratização da terra”, afirmou Bagnara.