Malhação de Judas perde espaço na capital a cada ano

A tradição de malhar o Judas, no Sábado de Aleluia, está quase extinta em Curitiba. Há alguns anos, era comum nesse dia encontrar bonecos, representando o traidor de Jesus Cristo, rasgados, surrados, queimados e geralmente pendurados para que todos os vissem. Ontem, foi difícil encontrar alguma malhação. ?Não sei o que acontece. As pessoas não têm mais vontade de fazer?, lamenta Ivolar Lameki, 60 anos.

Mas ainda há na capital aqueles que resistem. O senhor Ivolar, do Taboão, é um deles. Já faz muito tempo que ele e toda a família, principalmente as crianças, não vêem a hora de chegar o sábado para dar um jeito nos ?traidores?. ?Desde a época que a nona era viva a gente malha o Judas. A gente não quer matar a tradição, então a gente continua?, conta Ronaldo Lameki, 27 anos.

?Parece que quando a gente não malha o Judas no Sábado de Aleluia, a Páscoa não tem sentido?, afirma Ronaldo. Este ano os dois bonecos não tinham, aparentemente, nenhuma identidade. ?Queríamos colocar tantos, mas agora não pode mais colocar políticos?, revela Kléber Pompeu Matias, 25 anos.

Percorrendo a cidade atrás de outras pessoas que dão continuidade à tradição, foi possível encontrar um Judas na pessoa do presidente Lula, vestido com uma camisa do Atlético, sentado na mesa de um bar na Rua Estados Unidos, se preparando para ser malhado depois do meio-dia.

Na Rua Guilherme Marconcim, havia dez Judas, entre eles um corintiano. Até o final do dia, os responsáveis pelo boneco, que já seguem a tradição há mais de seis anos, prometiam fazer pelo menos outros cinco Judas. Eles contam que todos os moradores da rua ajudaram no processo. ?Naquela época aconteceu a traição e agora a gente tenta trazer para os dias atuais como forma de protestar contra algo que achamos traição. Ainda não decidimos o assunto de desse ano, são tantos?, comenta Rafael Bonamigo, 18 anos.

A tradição

A tradição de malhar o Judas Iscariotes, no Sábado de Aleluia, é representativa do momento em que Judas suicidou-se por enforcamento, após ter traído e entregado Jesus Cristo aos inimigos, em troca de dinheiro. A tradição existe no Brasil, desde o começo da colonização européia.

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