Tão difícil quanto caminhar na lama após a enxurrada do dia anterior é manter o equilíbrio diante da constatação de que o cenário de destruição não tardará a se repetir. Foi esse o desafio dos moradores do bairro Tanguá, em Almirante Tamandaré, ontem. O município da Região Metropolitana de Curitiba nem foi tão afetado, na comparação com outros, como Araucária, que contabilizou 200 pessoas desalojadas, 32 desabrigadas em meio a 5 mil moradores atingidos, segundo a Coordenadoria Estadual da Defesa Civil. Em todo o Estado foram 18.532 atingidos pela chuva, mas ninguém morreu. Almirante Tamandaré teve 60 pessoas afetadas, das quais 27 ficaram desalojadas.
Mas ao cruzar algumas das ruas do Tanguá, a impressão é de que esse universo se multiplica. São crianças perambulando pelas vias cobertas de lama e lixo, enquanto moradores e comerciantes consertam e se refazem de novos prejuízos não contabilizados pelas estatísticas oficiais. Morador há 20 anos da Rua Elfrida Roessler Jacomasso, o técnico em manutenção André Dambrate diz que não há muito o que fazer. “Quando chove é sempre a mesma história. A gente espera que passe o quanto antes, aconteça o que tem que acontecer e depois busca consertar o que dá. O ruim é quando ficamos doentes. Meu pai teve leptospirose, mas se livrou”, lamenta.
O diretor de operações da Defesa Civil municipal, Luiz Carlos Teixeira, diz que o local deveria ser desocupado por ser uma das áreas de invasão e de risco do município. Segundo ele, mesmo ontem com a redução da chuva, ontem o risco de desmoronamento no local era moderado. “Com a limitação orçamentária, a saída é ensinar a população a conviver com o risco”.
A previsão do Simepar para hoje é que ainda haja chuviscos na capital, mas que cessem para dar lugar a um frio seco e mais intenso, com mínimas de 4ºC entre amanhã e sexta-feira.
| Marco André Lima |
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| André Dambrate: “meu pai teve leptospirose, mas se livrou”. Veja na galeria de fotos os estragos. |
Veja na galeria de fotos os estragos.