Bares em crise

Lei seca derruba faturamento de bares de Curitiba em 30%

A Lei Seca veio acompanhada de retração no consumo por conta do aumento do custo de vida. Essa combinação de fatores afetou significativamente a frequência e o volume de gastos em bares e restaurantes de todo o País. Em Curitiba, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) calcula que nos períodos mais críticos, entre março e maio deste ano, o faturamento dos estabelecimentos caiu até 30%, principalmente nas casas noturnas. Para reverter o quadro, os empresários reduziram margens de lucro, enxugaram em torno de 10% do quadro de funcionários e adotaram estratégias de gestão, principalmente na negociação com fornecedores.

O diretor executivo da Abrasel-PR, Luciano Bartolomeu, diz que os novos estabelecimentos foram os que mais sofreram o impacto desses fatores. “Os empreendimentos novos sentiram mais a crise dos últimos meses por não ter ainda a cadeia de fornecedores tão consolidada, o que garante compras melhores. Esse foi o caminho para não inviabilizar o negócio”.

Restrições

Substituir produtos nas refeições por similares ou de qualidade inferior para segurar o custo, segundo Bartolomeu, é artifício fadado ao fracasso. “Quem está fazendo isso está morto, vai perder o principal, que é o cliente”. Ele lembra que ser competitivo na capital paranaense é crucial, pois é uma das cidades brasileiras de menor gasto médio tanto nos almoços (em torno de R$ 20) quanto no jantar (entre R$ 45 e R$ 55). “Em outras capitais, o ticket médio praticamente dobra”, cita.

Para o diretor, o ponto mais complicado, a adaptação às restrições da Lei Seca, já foi assimilado pela sociedade. “As pessoas não deixam de sair porque estão endividadas ou sem grandes recursos, pois precisam espairecer. É mais difícil trocar a geladeira do que ir ao bar. E é por conta disso que trabalhamos com a previsão de recuperação daqui por diante”, avalia.

Busca de incentivos

Paralelamente aos ganhos de eficiência por meio de boa gestão, a Abrasel-PR também busca na Secretaria da Fazenda que o regime tributário Simples seja estendido a empresas com faturamento maior. “O empresário que está conseguindo crescer perde o incentivo quando verifica que vai mudar de faixa, porque acaba punido. Estamos tentando sensibilizar o governo até porque temos a Copa do Mundo pela frente”.