Justiça lacra metalúrgica por desastre ambiental

A juíza Paula Priscila Candeo Haddad Fiegueira, da comarca de Campina Grande do Sul, determinou anteontem a lacração da Metal Barras Indústria e Comércio de Metais, considerada responsável pelo vazamento de chumbo, que provocou danos ambientais em Quatro Barras, contaminando moradores vizinhos à empresa. A decisão está nos autos da ação civil pública movida pela Procuradoria do município contra a metalúrgica.

Segundo o secretário municipal do Meio Ambiente, Marco Antônio Pereira, laudos do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) constataram a presença do metal no solo e também no Rio Floresta, afluente do Capivari e que passa nos fundos da empresa.

Apesar de a própria Secretaria Municipal da Saúde ter constatado, através de exames, a contaminação de moradores e trabalhadores da região, a Prefeitura agora trata o assunto com cautela, pois além dos problemas de saúde e ambiental, muitos funcionários da metalúrgica correm o risco de perder o emprego. Há quase dois meses a empresa foi embargada e multada (R$ 10 mil) pelo IAP por estocar de forma inadequada baterias automotivas. “O maior problema é que estavam sendo armazenadas sucatas de baterias a céu aberto e em contato direto com o solo, sem um piso apropriado”, relatou Marco Antônio. Em outra vistoria, conta, foi verificado um vazamento no tanque de neutralização do metal.

As investigações e a ação civil pública estão em andamento. Mas exames realizados pela secretaria de saúde, em onze vizinhos da empresas, comprovaram a contaminação por chumbo. Há mais de um mês, o auxiliar geral da madeireira Bublitz, que fica do lado da metalúrgica, Ednei da Mota Costa foi internado por três dias com quadro de fraqueza, falta de apetite e dores pelo corpo. Segundo Ednei, no Hospital Erasmo de Roterdam, em Curitiba, disseram que ele estava com infecção intestinal. Na seqüência, o exame da Secretaria de Saúde comprovou a contaminação por chumbo.

Apesar de ainda sentir dores no corpo, Ednei continua trabalhando e diz que não recebeu nenhuma orientação sobre os cuidados que deveria tomar. “Só estou tomando a vitamina que o médico receitou”, disse. Nos sete funcionários da empresa foram encontradas taxas da substância. O afiador de serra Dionir Borges diz que nele foram encontrados 13,5 microgramas de chumbo. “Sinto azia, mas estou conseguindo trabalhar bem.” Ele também não recebeu orientações e não sabe quais são os seus riscos.

A proprietária da madeireira, Beatriz Bublitz, conta que só ficou sabendo da contaminação depois dos exames. Toda a sua família tem a presença da substância no organismo. Inclusive sua sogra apresentou uma taxa de 35,5 microgramas.

Voltar ao topo