Para cruzar o Rio Verde, na divisa dos municípios de Araucária e Campo Largo, os moradores das zonas rurais das duas cidades contam há mais de 20 anos com uma ponte construída pela Refinaria Getúlio Vargas, vinculada à Petrobrás. Ou melhor, contavam. Depois de ser danificada por constantes acidentes e pela ação de vândalos, a estrutura foi interditada há cerca três semanas, causando prejuízos à região. De acordo com moradores, cerca de cem famílias precisam atravessar a ponte diariamente.
A desempregada Lucinéia de Fátima Alves mora às margens do Rio Verde, em Araucária, e é uma das vítimas do fechamento da ponte. “Eu atravessava a ponte todos os dias porque trabalhava em um restaurante em Campo Largo, mas tive que sair de lá porque agora temos que dar uma volta muito grande para chegar a outra cidade”, conta. O dinheiro está fazendo falta. Além disso, a família deixou de receber visitas de parentes e teve que começar a fazer compras no centro de Araucária, cerca de dez quilômetros mais distante do que o centro de Campo Largo.
Diferente de sua vizinha, o proprietário de uma lanchonete na cabeceira da ponte, também em Araucária, Donizete Teodoro Pires, mesmo tendo que percorrer cerca de 12 quilômetros a mais para ir ao centro de Campo Largo, insiste em fazer o percurso todos os dias. “Trabalho como mestre de obras em Campo Largo e não posso deixar de trabalhar, ainda mais com a diminuição do movimento aqui na lanchonete por causa do fechamento da ponte”, explica. Ele reclama que a interdição foi feita sem que houvesse qualquer aviso e que todas as vezes que solicita uma benfeitoria na região, as prefeituras de Araucária e Campo Largo jogam a responsabilidade uma para a outra.
Já do outro lado da ponte, o impacto não foi tão grande. Com a proximidade com o centro de Campo Largo, não há tanta necessidade em atravessar o Rio Verde para ir a Araucária, como conta o proprietário de um terreno às margens do rio, Fábio Ferreira. “Não fomos tão prejudicados porque estamos mais perto da cidade, mas sabemos que tem muita gente que usa a ponte, inclusive agora que ela está fechada, muita gente ainda passa de moto”, comenta.
Reforma
De acordo com as prefeituras de Araucária e Campo Largo, entretanto, a interdição deve durar pouco tempo e só foi feita para a realização de uma reforma na ponte. Procuradas pela reportagem, ambas afirmaram que a obra deve ser iniciada ainda nesta semana. Em nota oficial, a prefeitura de Campo Largo informou que “após acordo entre os dois municípios, o governo de Araucária assumiu a responsabilidade pela obra, pois o município de Campo Largo não tem condições financeiras para arcar com tamanho investimento”.
Para complementar as informações prestadas pela prefeitura do município vizinho, a administração municipal de Araucária informou, também por meio de nota oficial, que “realizará a reforma completa do tabuleiro de madeira e estrutura metálica da ponte”. A obra, orçada em R$ 81.614,75, será executada pela Engponta Construções, vencedora da licitação realizada para definir a empresa responsável pela intervenção. “Após a emissão da ordem de serviço, que deve acontecer até o fim de setembro, a empresa vencedora da licitação terá 3 meses para a execução da obra”, completa.