Intercâmbio pode ajudar na carreira

Hoje as empresas que selecionam futuros colaboradores demonstram muito interesse pelas pessoas que passaram por um programa de intercâmbio em outros países, seja ele cultural, educacional ou profissional. As experiências e a maturidade conquistada, além da fluência em outra língua, são os pontos mais atrativos pelos empregadores, de acordo com os órgãos que promovem os intercâmbios.

Mara Campos Barroso, voluntária do comitê Curitiba da AFS Intercultura Brasil, uma organização sem fins lucrativos que promove os programas, conta que uma viagem como essa ajuda no conhecimento de outras culturas, na parte intelectual, na compreensão e em uma nova visão do país nativo. “Tudo isso auxilia no trabalho porque as pessoas se tornam mais fáceis para assimilar novas idéias. Longe de casa, precisam ser um pouco independentes. Acabam sabendo como se sair bem em situações diversas”, afirma.

A coordenadora do Brazil Center da Universidade do Texas (Estados Unidos), Jennifer Potter-Andreu, que esteve ontem visitando o Cefet-PR em Curitiba, explica que o interesse em crescer na profissão também faz parte do cotidiano dos americanos: “Os estudantes não têm somente muita curiosidade para conhecer países, mas também querem pensar futuramente na profissão”. O centro, criado em 1995, serve como referência e apoio aos brasileiros que vão estudar na universidade. São quase 3 mil morando nas dependências da instituição. A entidade também ajuda norte-americanos a escolher o Brasil como destino do intercâmbio, além de indicações das melhores universidades e cidades na área interessada. Pelo fato de a universidade abrigar 50 mil alunos, Jennifer avalia que existe pouca comunicação no local, principalmente entre aqueles que não são dali. Assim, o Brazil Center envia um jornal por e-mail para os brasileiros, informando sobre cursos, palestras e atividades fora do campus.

Para a coordenadora, o problema das pessoas interessadas em fazer intercâmbio é não saber como aproveitar as oportunidades e como avaliar a melhor segundo seus objetivos. “Assim o estudante pode aproveitar mais, se sentir mais realizado e ter melhor impressão do lugar”, considera. Mara, da AFS, também acredita que as orientações são essenciais na escolha do país. A maioria dos interessados procura programas para Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia, para melhorar ou aprender inglês. “Mas sempre damos orientações até a viagem. Mostramos outros países e o potencial deles. Não é porque vai para a Europa que a pessoa não vai voltar com o inglês fluente. Muitos acabam modificando o destino”, comenta. A entidade oferece intercâmbios para o ensino médio para jovens entre 15 e 17 anos. No caso desses intercâmbios, os alunos são principalmente de classe média. O custo é de cerca de US$ 4 mil por um ano de programa.

Mara orienta os jovens para procurarem uma entidade ou empresa pelo menos seis meses antes da data prevista para a viagem, por causa das orientações e trâmites legais. No caso dos Estados Unidos, as escolas exigem que o estudante tenha um conhecimento básico de inglês. “Mas em outros países, não precisa saber nada da outra língua, nem de inglês. Em três meses já é possível entender e falar bem”, garante.

Aumenta vinda de americanos

A coordenadora Jennifer Potter-Andreu mostra que o número de americanos que vêm ao Brasil para participar de intercâmbios está crescendo cada vez mais. Há 10 anos, a maior parte deles escolhia a Europa ou a América Latina, principalmente pelo espanhol e pela proximidade com o Texas. A previsão para este ano é trazer pelo menos 60 americanos para estudar aqui. Pessoas de outras nacionalidades também estão optando pelo Brasil na hora de fazer o intercâmbio. A estudante turca Zeynep Elif Tarkan, de 17 anos, está há dois meses e meio em Curitiba. Ela ainda não sabe falar o português fluentemente, mas arrisca algumas frases. “Antes de vir, já sabia que as pessoas daqui são muito amigáveis e que a natureza é muito bonita. Além disso, queria aprender a falar português”, conta.

Zeynep cursa o terceiro ano do ensino médio no Cefet, mas segundo ela, ainda não está dando para entender muita coisa. Ela ficará no Brasil um ano. “Curitiba é muito parecida com a minha cidade (a capital Ancara). Mas na Turquia podia andar mais livremente, e aqui fico um pouco limitada”, opina a estudante, que, antes de voltar para a Turquia, já tem viagens programadas para o Pantanal e a Amazônia. (JC)

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