Infestação de pombos preocupa

Os pombos viraram verdadeiras pragas em Curitiba. A qualquer hora do dia é possível encontrá-los em locais públicos – como Praça Tiradentes, Praça Santos Andrade, Parque Barigüi e Passeio Público – e mesmo em áreas residenciais, infestando lajes de casas e prédios. Apesar da aparência inofensiva e do temperamento dócil, os animais representam grande risco à saúde dos seres humanos.

De forma indireta, eles podem transmitir uma série de doenças. A principal delas é a histoplasmose, uma infecção respiratória que pode se tornar grave e mesmo levar à morte se não tratada. "A histoplasmose é derivada das fezes dos pombos. Quando em acúmulo, elas são colonizadas por fungos, que por sua vez causam a doença", explica a bióloga e coordenadora de controle de zoonoses e vetores de Curitiba, Claudia Staudacher. "Já o pó presente entre as penas e os ácaros que vivem no corpo dos animais podem causar alergias de pele".

Segundo Claudia, os pombos são exóticos no Brasil. Eles foram trazidos por portugueses e espanhóis, na época da colonização, e se adaptaram bem, principalmente devido à presença insuficiente de predadores naturais – aves de rapina que atacam os indivíduos adultos e outros animais que se alimentam dos ovos.

Atualmente, não existe uma estimativa do número de pombos presentes na capital paranaense. Porém, eles se multiplicam muito rapidamente, pois se procriam o ano todo. Cada casal tem entre seis e oito filhotes anualmente, dependendo das condições de abrigo e alimentação. Em seus países de origem, os pombos faziam ninhos em rochas. É por essa razão que eles geralmente escolhem o telhado das edificações ao invés das árvores para se abrigarem.

Claudia comenta que o controle dos pombos é difícil devido à conotação religiosa e cultural que os mesmos adquiriram como símbolos da paz. Por isso, a Prefeitura de Curitiba não mantém programas de extermínio, fornecendo apenas um serviço de orientação à população incomodada com a presença dos animais. "Ações de extermínio iriam gerar uma grande polêmica, pois muitas pessoas têm simpatia pelos pombos e mesmo gostam de alimentá-los", diz.

Por mais que dar comida aos pombos possa parecer divertido ou mesmo uma atitude solidária aos animais, alimentá-los é um grande erro. Isso porque, em função da fartura de alimentos, eles vão começar a se instalar em grande quantidade e incomodar a vizinhança. "Geralmente as pessoas que os alimentam não têm problemas. Isto porque elas costumam jogar milho (principal alimento) em locais afastados de suas casas. Quem sofre são as pessoas que moram nas proximidades destes locais", afirma a bióloga.

Prevenção

Para evitar a presença de pombos em determinada edificação, os proprietários devem adquirir alguns materiais específicos para espantá-los. No mercado, é possível encontrar as chamadas "espículas", que são hastes metálicas com base plástica que impedem o pouso dos pombos.

Outra medida simples é utilizar fios de linha de pesca estendidos como se fossem cordas de violão, mas em alturas diferenciadas. "Nos países da Europa, as pessoas utilizam fios de baixa voltagem. A medida ainda não foi adotada no Brasil, pois muitas pessoas sentem pena dos animais". Usar repelentes não é indicado, pois custam caro e só afastam os pombos por um determinado período.

Para quem já teve a casa ou o prédio infestado, a dica é fazer o desalojamento dos animais, retirando ovos e ninhos, seguido da limpeza do local atingido. A Prefeitura de Curitiba fornece orientações sobre os procedimentos pelo 156. (Cintia Végas)

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