Índios negam ações violentas em Santa Catarina

Representantes do Conselho Estadual de Caciques Indígenas estiveram ontem na Secretaria de Assuntos Estratégicos, pedindo apoio ao governo do Estado para esclarecer as notícias publicadas pela Agência Folha, na última segunda-feira, contra os índios paranaenses. Segundo a agência, eles teriam participado do conflito de terras que ocasionou a morte de um fazendeiro, em Santa Catarina. Foram publicadas também declarações do presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, afirmando que um dos fatores que contribuíram para a tragédia, que levou à morte de um fazendeiro, foi a presença dos índios do Paraná.

De acordo com o cacique guarani Rivelino Gabriel de Castro, da reserva indígena de Palmerinha do Iguaçu, 50 índios do Paraná saíram da região de Guarapuava – apenas com a roupa do corpo -para apoiar a manifestação pela demarcação da reserva indígena de Toldo do Embu, município de Abelardo Luz, em Santa Catarina. A área tem aproximadamente 1.975 hectares, mas os 150 índios que vivem na região ocupam apenas nove hectares.

Reconhecimento

“O governo do Paraná reconhece aos povos indígenas o direito cultural e antropológico de definir o seu limite de nação”, declarou o secretário de Assuntos Estratégicos, Nizan Pereira. Segundo ele, a nação Guarani, por exemplo, passa por Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. “Não podemos impedir nossos índios de manifestar apoio ao seu povo, criando barreiras territoriais”, completou.

Os índios contestam esta acusação do presidente da Funai e dizem que a morte já tinha ocorrido quando eles chegarem no local. “Fomos até lá para apoiar a manifestação do nosso povo, até porque eles estão em um espaço físico muito pequeno, que não dá condições de sobrevivência às 16 famílias que vivem na região”, disse o cacique João Carlos Mader, de Mangueirinha.

Mader explicou que os índios montaram uma barreira humana e que o fazendeiro tentou derrubá-la, passando com uma caminhonete e atirando nas pessoas. “Acredito que nem os próprios índios que vivem na região queriam tal tragédia, mas foi um ato de defesa”, completou.

Para o cacique Neoli Olíbio, o presidente da Funai está muito distante da questão fundiária dos índios do Sul do país. “Se ele acompanhasse mais de perto a questão do índio, não culparia as lideranças do Paraná. O problema de demarcação de terras existe há vários anos, o que causa manifestações devido à falta de agilidade da Funai”, questionou.

O cacique Valdir Kokoj, da reserva indígena de Mangueirinha, região de Guarapuava, ainda está no local do conflito e afirma que os índios só saem da área após uma definição da Procuradoria da República.

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