Índios do Paraná começam a separar o lixo das aldeias

Em uma iniciativa inédita, as aldeias indígenas de todo o Paraná vão aprender a destinar corretamente o volume de lixo produzido nesses locais. Para difundir a idéia, cerca de 150 professores bilíngües (português e língua materna – kaingang ou guarani) vão receber nos próximos meses um curso da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), para traduzir todo o material que será utilizado na implantação do programa.

Na sua fase inicial, o programa será implementado nas 27 escolas indígenas do Paraná, atingindo cerca de 3 mil crianças e adolescentes. Posteriormente, toda a comunidade indígena poderá fazer a separação dos materiais. Hoje, segundo o último levantamento realizado, vivem 11.825 indígenas em todo o Estado, divididos em 3.305 famílias.

A primeira experiência foi realizada na tribo Apucaraninha, na cidade de Tamarana, no Norte do Estado. O local, com 1,3 mil índios, recebeu os recipientes do projeto Desperdício Zero, que, divididos em cores, ajuda na separação dos materiais recicláveis do lixo orgânico. O professor e cacique Florêncio Fernandes, de 26 anos, conta que o destino de todo o material acumulado nas aldeias já vinha sendo discutido pelas comunidades. Ele faz parte da tribo kaingang Rio das Cobras, na cidade de Nova Laranjeiras, Sudoeste do Estado, e explica que antes da criação da medida, todo o lixo era recolhido por uma pequena carreta e, logo em seguida, queimado. ?Isso era feito para evitar qualquer doença, mas agora, com o projeto, o interesse da comunidade cresceu. Isso é vantajoso para todos?, diz.

O indigenista e representante da Assessoria de Assuntos Indígenas do Estado, Edívio Battistelli, lembra que se algo não fosse feito, as aldeias correriam o risco de se tornarem lixões a céu aberto. Com o maior consumo de produtos das grandes cidades, o acúmulo de vidros, sacos plásticos, papelão e outros materiais cresceu nos últimos anos. ?Essa iniciativa pode proporcionar outra fonte de renda para os indígenas, além de preservar o meio em que vivem. Eles fazem a separação do lixo e comercializam com as pessoas que reaproveitam os materiais?, explica.

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