Indefinido reajuste para as linhas metropolitanas

A tarifa do transporte coletivo da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) vai permanecer ainda por algum tempo em R$ 1,65. De acordo com o presidente da Coordenadoria da Região Metropolitana (Comec), Alcidino Bittencourt Pereira, a partir de hoje volta a contecer as reuniões com a Urbs para discutir o valor da tarifa de ônibus na Rede Integrada de Transporte. Em uma reunião realizada ontem, a Comec concordou com as reivindicações de reposição salarial dos trabalhadores do Sindicato dos Motoristas e Cobradores das Empresas de Transporte de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), o que deve demandar um reajuste na tarifa praticada.

O presidente da Comec já havia se manifestado contra a decisão de Cassio Taniguchi, que diferenciou os valores das tarifas da Rede Integrada de Transporte (RIT). Ele acredita que a decisão de Taniguchi foi precipitada. “Não estamos pensando em reajuste. Mas mesmo assim queremos manter a integração”, diz.

Na última sexta-feira, Cassio Taniguchi anunciou o aumento da passagem em Curitiba, separando financeiramente as linhas do transporte integrado. A partir disso, a Urbs só administra o que é arrecadado nas linhas da capital, enquanto que as linhas metropolitanas ficam a cargo da Comec. “O sistema de transporte de Curitiba está em crise, e essas decisões só confirmam o caos em que nos encontramos. Não podemos acabar com um modelo que vem dando certo há tanto tempo”, critica Alcidino.

Confusão

A diferença entre as tarifas da RIT não agradou os usuários, que reclamam do reajuste e da confusão dos preços. Quem sai da RMC em direção a Curitiba paga R$ 1,65. Pelo caminho inverso, os passageiros terão que pagar R$ 1,70. A diferença de R$ 0,05 não será devolvida em forma de troco, caso seja utilizado o vale-transporte para a viagem. A determinação foi repassada ontem aos cobradores dos ônibus.

A dona-de-casa Adriana Aparecida Lucas disse que está em dúvida sobre qual valor vai pagar para ir visitar a mãe que mora em Campo Largo. Já, a doméstica Leonina Ferraz afirmou que, independente do valor que for acordado entre Curitiba e a Região Metropolitana, está muito caro. “Eles sobem a passagem, mas o nosso salário não sobe”, reclamou.

A publicitária Sandra Rejane Wincler disse que utiliza pouco o transporte coletivo, mas acredita que o valor pesa principalmente para quem trabalha no comércio informal e não recebe vale-transporte. Para quem quer economizar um pouco, diz Sandra, a dica é pegar os carros que fazem a linha intermunicipal. O motorista Valmor Tonolli não acha o valor de R$ 1,70 caro pelo transporte, isso se o passageiro fizer apenas uma viagem. “Mas, geralmente, é preciso utilizar mais de uma linha, daí no final do mês o transporte acaba pesando no orçamento”, afirmou.

Motoristas e cobradores descartam greve

Com reposição salarial da inflação do período 2003/2004 de 8,82% e plano de saúde ambulatorial para toda categoria garantidos, os motoristas e cobradores do transporte coletivo de Curitiba não vão entrar em greve. A possível paralisação foi evitada pela renovação do contrato da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) entre o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba (Sindimoc), sindicato patronal, Urbs e Comec. A decisão foi formalizada ontem, no encontro realizado na Delegacia Regional do Trabalho (DRT), em Curitiba.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba (Sindimoc), Denílson Pires da Silva, as negociações começaram em dezembro e se estenderam até o último prazo combinado entre as partes, que terminou na semana passada.

Denílson ainda advertiu que, se no último encontro (ontem) não houvesse uma decisão para o impasse, a partir da 0h de hoje os motoristas e cobradores iriam iniciar uma greve, paralisando todo o transporte coletivo de Curitiba. “Fizemos o pedido e depois de muita negociação, conseguimos o que queríamos. Estávamos esperando por isso desde o ano passado. Já estava na hora de uma definição”, comemorou Denílson.

Durante a coletiva em que confirmou o aumento na tarifa dos ônibus, na semana passada, o prefeito Cássio Taniguchi afirmou que o reajuste iria favorecer as negociações das exigências dos motoristas e cobradores para que não houvesse paralisação do transporte na cidade. (Rubens Chueire Júnior)

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