Incra negocia compra de parte da Fazenda Araupel

O superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Celso Lisboa de Lacerda, está hoje em Brasília negociando recursos para a compra de 25 mil dos 53 mil hectares da Fazenda Araupel, em Quedas do Iguaçu, ocupada há mais de um mês por trabalhadores rurais sem-terra. Conforme Lacerda, os donos da fazenda já formalizaram a proposta de venda ao Incra.

Na próxima segunda-feira, o instituto começa a fazer a vistoria na propriedade. O Estado procurou a direção da Araupel, em Porto Alegre, para confirmar a informação, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

A área pertencente à Araupel é o maior latifúndio do Estado, e segundo o Incra, sua desapropriação seria um marco para condução do processo de reforma agrária no Paraná. “O assentamento de famílias sem terra nessa área é coisa para este ano”, afirmou Lacerda, destacando que a área seria suficiente para abrigar mil famílias. Outra área também da Araupel foi adquirida e transformada num assentamento para 1.500 famílias em 1996.

Mesmo com a venda de quase metade da propriedade, a Araupel vai permanecer com a área de reflorestamento e a indústrias de madeira e papel.

Caso a compra da área se confirme, o próprio presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, deverá entregar o assentamento aos sem-terra no dia 20 de setembro.

Mentira

O advogado do proprietário da Fazenda Santa Terezinha, em Paranapoema, Coraldino Vendramini, enviou ontem nota ao secretário de Estado da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, desmentindo a intenção do dono da área, Alexandre Yoshihide Maehara, em vender a fazenda. Na noite de quarta-feira, governo do Estado e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) firmaram um acordo no qual os sem-terra não invadiriam mais terras e sairiam de uma fazenda ocupada em Laranjal até sábado, enquanto o Estado se comprometeu a suspender a reintegração da Fazenda Santa Terezinha, que estava programada para hoje. Na reunião o MST passou ao Estado que o proprietário tinha interesse em vender suas terras. “Vou pedir ao juiz de Paranacity que reitere o ofício ordenado a reintegração ao governador do Estado a e Secretaria de Segurança”, disse Vendramini.

Mais uma?

A Fazenda Matão, de 1.500 hectares, de propriedade de Elias Kuri, no distrito de Guará, em Guarapuava, foi invadida ontem por 130 pessoas. As informações sobre os responsáveis pela ocupação são desencontradas. Nem mesmo o próprio MST sabia confirmar ou negar a autoria. A assessoria de Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) num primeiro momento apontava o Movimento dos Trabalhadores Rurais (MTR) como invasor. Já no fim da tarde, informações da Polícia Militar de Guarapuava diziam que os ocupantes pertenciam ao MST, mas já estavam se retirando do local. Segundo a assessoria da Sesp, se confirmada a presença do MST, fica quebrado o acordo firmado, dando motivo para se intensificarem ainda mais as ações reintegração de posse no Paraná.

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