Homicídio cai no País e cresce no Paraná

O Ministério da Saúde aponta que o número de homicídios no País, especialmente os praticados com armas de fogo (os quais correspondem a 70% dessas ocorrências), diminuiu no Brasil nos últimos três anos. A constatação é de um estudo publicado na terça-feira, o qual mostra no Paraná tendência inversa à nacional. Conforme o MS, o Estado passou da taxa de 25,5 homicídios por cem mil habitantes em 2003 para 27,9 em 2006.

No Brasil, estes números evoluíram da seguinte forma: em 2000, 45.360 pessoas morreram vítimas de assassinato no País, a uma taxa de 26,7 pessoas a cada cem mil habitantes. Em 2003, esse número saltou para 51.043, na média de 28,9 homicídios por cem mil habitantes; três anos mais tarde, estes índices passaram para 44.663 e 23,9, respectivamente. No Paraná, em 2000, os números apontavam 18,8 homicídios por cem mil habitantes, o que significa que, após cinco anos, o crescimento nesse índice foi de 48,4% no Estado.

No Rio Grande do Sul, as taxas nos últimos três anos caíram de 18,1 (2003) para 18 (2006) e, em Santa Catarina, de 11,8 (2003) para 10,9 (2006). O estado onde se constatou aumento mais considerável foi Alagoas (35,6 para 52,2); em São Paulo e no Rio de Janeiro houve quedas acentuadas: no primeiro, as taxas foram de 35,9 para 17,7 entre 2003 e 2006; no segundo, de 52,6 para 38,5. O Paraná, no ranking geral, ocupou ano passado o 11.º lugar entre os estados brasileiros com as mais altas taxas de homicídios.

Grande parte dessas vítimas são homens (92%) na faixa etária de 15 a 39 anos (79%). O homicídio é atualmente a terceira causa de morte para o sexo masculino no Brasil, perdendo apenas para as doenças isquêmicas do coração e as cerebrovasculares, segundo o ministério.

Armas

Ainda segundo o estudo, as mortes ocasionadas por armas de fogo sofreram gradativas quedas entre 2003 e 2006, passando de 39.325 para 34.648 registros totais no Brasil – 12% a menos. O risco desse tipo de mortalidade, que era de 22 por 100 mil habitantes em 2003, caiu 18% em 2006, passando para 18/100 mil.

Enquanto 16 estados demonstraram queda nas taxas, tal como a média nacional, o Paraná se encaixou, em 2006, entre os cinco com maior risco de morte de homens por arma de fogo, atrás de Alagoas, Pernambuco, Rio de Janeiro e Espírito Santo. O Estado passou de 36,1/100 mil em 2003 para 40,1/100 mil em 2006 nesse tipo de morte. Curitiba se encaixa no sétimo maior índice entre as capitais, com taxa padronizada, em 2006, de 31,3/100 mil.

Migração do crime pode justificar alta

A coordenadora de informações e análises epidemiológicas do Ministério da Saúde, Maria de Fátima de Souza, acredita que o aumento dos índices paranaenses pode estar relacionado, por um lado, à diminuição dos números de São Paulo, provocando a migração do crime. ?Por outro lado, as altas taxas de homicídios em Foz dão um sinal importante. Se observarmos várias cidades do interior do Paraná e fizermos um corredor até Curitiba (partindo da fronteira com o Paraguai), verificamos um aumento do problema, o que é reconhecido pelas prefeituras?, afirma.

Para a coordenadora, verificar o aumento de homicídios é perceber também um aumento da criminalidade, daí a importância de identificar a concentração de armas e drogas para, então, estabelecer ações. ?Todos os municípios podem traçar um mapa do crime e ações específicas para combatê-lo. O exemplo de São Paulo é importante: ter usado inteligência para resolver o problema.?

A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), por sua vez, acredita que o Paraná, tal como os demais estados do Sul, foi penalizado no estudo em virtude da falha de outros em fornecer dados completos, o que teria acontecido com estados das regiões Norte e Nordeste, os quais verificaram diminuição nos números. Em nota, a Sesp manifesta que ?esta falha (…) inviabiliza de todas as maneiras a comparação (ranking) entre as unidades da federação e o Paraná, já que nosso estado é um dos que enviam periodicamente 100% de suas informações?. A Sesp alega ainda que ?os números de homicídios estão em constante queda no Estado, como será divulgado em breve em apresentação à imprensa?.

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