Grupos de sem terra brigam por área

Em Lindoeste, pequena cidade na região de Cascavel, o clima é ainda de cautela. Cerca de 40 famílias de sem terra estão acampadas nas divisas da Fazenda Trento, a menos de três quilômetros da cidade, em uma estrada vicinal da rodovia PRT-163. A Polícia Militar observa os acampados, já que há risco de conflitos entre os sem terra e um outro grupo de trabalhadores rurais que se intitula Movimento da Libertação dos Sem Terra (MLST), o qual pretenderia também ocupar as terras.

Apesar de estarem abertos às conversas, a Polícia Militar informou que os ocupantes ameaçam avançar primeiro, caso algum outro movimento queira invadir a fazenda. Isso porque eles já habitam as margens da estrada há anos, considerando-se prioritários. Ainda de acordo com a polícia, os integrantes do MLST – que são em maior número, contando com cerca de 60 famílias – desejariam se sobressair em relação aos primeiros ocupantes, o que vem gerando clima de tensão no local. O líder dos acampados na estrada rural, Wagner José de Souza, alega que o movimento – que inicialmente foi caracterizado como de bandeira branca – faria parte do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A representação do MST em Cascavel, porém, afirmou que o acampamento não pertence à bandeira do movimento. Os acampados não carregam qualquer tipo de simbologia que remeta ao mesmo.

A polícia disse também que o grupo é formado por bóias-frias da cidade de Lindoeste, enquanto os intitulados do MLST são de pequenos municípios espalhados pela região. Eles são caracterizados como pessoas simples e trabalhadoras, que há anos habitam as margens da estrada.

Fazenda

O proprietário da fazenda, Antoninho Trento Filho, desmentiu rumores de que o Incra teria intenção de comprar suas terras, afirmando que a fazenda não está à venda. ?E nenhum representante do Incra esteve aqui para negociar?, garantiu. Ele afirma que a responsabilidade sobre a segurança no local não é dele, mas que ?a presença dos sem terra incomoda e perturba?, conforme definiu. As terras de Trento Filho são produtivas e o Incra acredita que rumores de compra da fazenda teriam chegado aos ouvidos dos sem terra, que se anteciparam, ameaçando invasão. Para o diretor técnico do órgão, Nilton Bezerra, as ameaças atrapalharam as possíveis negociações com o dono das terras. Ele afirma que, apesar de não haver nada oficial, o contato com Trento Filho havia sido estabelecido. ?Havia conversa para a compra da área, mas a pressão dos sem terra abortou o processo?, justificou.

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