Greve no HC ainda não alterou atendimento

O primeiro dia de greve dos servidores do Hospital de Clínicas (HC), ontem, em Curitiba, não prejudicou o atendimento à população, declarou o diretor-geral Giovanni Loddo. Segundo ele, 52 servidores pararam, a maioria deles (33) da parte de infra-estrutura, como manutenção (10), lavanderia (7) e zeladoria (16). No levantamento do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba e Região Metropolitana (Sinditest-PR), no entanto, a paralisação atingiu cerca de noventa servidores.

Os demais servidores que não foram trabalhar ontem são da radiologia (2), centro cirúrgico (2), ambulatório (6), entre outros. Um dos setores mais afetados, no entanto, foi o de oftalmologia, que ontem já não estava mais aceitando novas internamentos. “Como já é um setor pequeno, com reduzido número de pessoas, na ausência de um ou dois servidores, o trabalho já fica prejudicado”, explicou o diretor.

Giovanni Loddo garantiu que os serviços no Pronto Atendimento (PA), Unidade de Terapia Intensiva (UTI), urgência e emergência não serão afetados durante a paralisação. “Se forem, não haverá mais negociação. A gente respeita o direito à greve, as reivindicações, mas não se pode colocar em risco, sob hipótese alguma, a vida de um paciente”, comentou Loddo, acrescentando que, caso seja necessário, o hospital pedirá a intervenção da Justiça, como ocorreu em 2001.

Em relação à negociação salarial, Loddo reiterou a proposta de que o Sinditest-PR apresente os documentos solicitados na semana passada -ata de assembléia deliberativa com as reivindicações e a lista de presença com os nomes do funcionários e os nomes das pessoas que foram eleitas para integrar a mesa de negociação -, para que a negociação se inicie em 24 horas.

Participação

O presidente do Sinditest-PR, Antônio Néris, considerou positiva a participação no primeiro dia de paralisação. “Acho que 30% de um total de trezentos trabalhadores da Fundação da Universidade federal do Paraná pararam. Tivemos muita pressão sobre os funcionários com ameaças de demissão inclusive. Acredito que mais gente deve aderir”, ponderou.

Os servidores do HC decidiram pela greve em assembléia realizada na semana passada. Eles reivindicam reposição da inflação de 18,75% calculada pelo INPC, reposição do valor do auxílio cesta-básica de 26% e pagamento de 100% em hora-extra. Néris diz que os funcionários estariam sendo explorados, fazendo muitas horas-extras.

Para ele, o atual quadro de funcionários – 1.350 da Funpar e 2.050 estatutários – não é suficiente para garantir um atendimento eficiente no hospital. “Só em fevereiro foram pagos R$ 59 mil de horas-extras. Precisaríamos de mais uns quatrocentos funcionários para normalizar o serviço. Espero que esse próximo concurso público normalize a situação.”

Néris refutou os argumentos da direção do hospital de que a assembléia promovida pelo Sinditest não teria legitimidade legal para decidir sobre a greve da categoria. “Isso é uma forma de eles ganharem tempo. Negociamos há dez anos com eles e nunca houve nenhuma argumentação desse tipo”, disse Néris, que promete levar a documentação do sindicato ao Ministério do Trabalho se for necessário. “Para o patrão eu não levo”.

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