Greve deixa 26 mil alunos sem aulas em Cascavel

O primeiro dia de paralisação dos professores municipais de Cascavel foi marcado por manifestações em frente à Prefeitura e salas de aulas vazias. Pelo menos 26 mil alunos ficaram sem aulas, segundo a Secretaria Municipal de Educação. Ontem à tarde, os grevistas passaram as quatro horas que seriam destinadas às aulas em frente ao paço municipal, proferindo palestras e fazendo a leitura de suas reivindicações.  

A tesoureira do Sindicato dos Professores Municipais de Cascavel (Siprovel), Ana Cordeiro Stocker, conta que, depois de recusada a proposta de 3% de reajuste salarial dividido entre os três últimos meses do ano, a expectativa é por um novo diálogo. ?Estamos abertos para conversar a qualquer momento, mas hoje (ontem) foi silêncio absoluto: ninguém saiu para falar com a gente?, disse. Os professores reivindicam 5% de reajuste e justificam a recusa dizendo não haver garantias da aplicação da proposta.

A assessoria de imprensa da Prefeitura afirmou que nenhum representante da Secretaria de Educação saiu para conversar com os grevistas porque, no período da tarde, enquanto estavam concentrados em frente ao prédio, secretários e diretores estavam dispostos nos bairros, cumprindo programação de trabalho junto à comunidade.

De acordo com a assessoria, na contramão do movimento, pelo menos dez escolas municipais funcionaram ontem. A informação foi negada pelos sindicalistas. ?Apenas uma escola funcionou normalmente. Nas demais, três ou quatro professores estavam presentes apenas se organizando para amanhã (hoje) participarem conosco da manifestação?, disse Ana.

A Prefeitura sustenta que, apesar do descontentamento dos professores, não será possível acenar com proposta de reajuste superior a 3%, uma vez que a restrição não é apenas de ordem orçamentária, mas conseqüência das alterações na Lei de Responsabilidade Fiscal. Os professores, entretanto, acreditam que a Prefeitura é capaz de arcar com o reajuste solicitado. Eles pretendem esperar até o dia 31 para chegar a um consenso. Caso isso não aconteça, podem entrar em greve por tempo indeterminado.

Hoje pela manhã, os professores permanecem nas escolas orientando pais de alunos sobre o movimento. Eles garantem que têm recebido apoio dos pais que inclusive organizaram uma comissão para acompanhar os trâmites da paralisação. Segundo o sindicato, todas as aulas perdidas serão repostas.

Servidores também devem parar

Ontem à noite foi a vez dos servidores se reunirem em assembléia para ouvir a proposta da Prefeitura de reajuste salarial. Foi a mesma dada aos professores (3%). Até o fechamento desta edição, eles ainda não haviam deliberado pela adesão à paralisação. ?Mas, pela movimentação do pessoal, ao que tudo indica vamos parar também?, disse o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Cascavel, Noraci Nonato.

À tarde, ele já havia adiantado à reportagem sua opinião sobre o percentual colocado pela Prefeitura. ?É uma proposta indecorosa?, disse. Com a possível adesão, todos os seis mil servidores públicos municipais cruzam os braços, dificultando a prestação do serviço público em todos os setores, inclusive na saúde.

Estradas

O descontentamento, entretanto, não pára por aí. A pressão sobre a Prefeitura ontem partiu ainda dos agricultores, que também foram ontem ao Paço reclamar das condições das estradas rurais. Mesmo antes da paralisação dos professores, os alunos já estavam há mais de dez dias sem assistir às aulas porque os ônibus não davam conta de promover o acesso à escola. O motivo foram as chuvas, que deixaram as vias, já precárias, intransitáveis.

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