Alerta pro verão

Grande parte dos afogamentos no Litoral do Paraná é fora de áreas protegidas

Banhistas precisam de atenção redobrada onde não monitoramento dos Bombeiros. Foto: Gabriel Rosa / AEN

Desde o início de outubro até este domingo (28/12), o Litoral do Paraná já registrou 175 casos de afogamento. Os dados são do Corpo de Bombeiros do Paraná, registrados pelo 8º Batalhão de Bombeiros Militar de Paranaguá, responsável pelo atendimento em toda a região litorânea. Somente na semana do Natal, foram registrados 92 afogamentos registrados, totalizando 120 vítimas.

A maior parte dos afogamentos envolve jovens e adultos. Pessoas entre 18 e 30 anos lideram a estatística, somando cerca de 68 vítimas, seguidas pelo grupo de 31 a 59 anos, com 67 registros no período. Segundo a capitã Tamires Silva Pereira, esse perfil se repete de forma consistente nas ocorrências atendidas pelos bombeiros.

“O perfil predominante do afogado é do sexo masculino, um adolescente ou jovem adulto, normalmente morador de Curitiba e da Região Metropolitana, que está há poucos dias na praia. Os afogamentos ocorrem, em geral, em áreas não protegidas, sem postos de guarda-vidas”, explica a capitã.

Quando considerados todos os atendimentos por afogamento, incluindo praias, piscinas e outros meios líquidos, o número totaliza 222 vítimas desde outubro. Desses casos, 128 envolveram homens. 

Grande parte das ocorrências resultou em ferimentos leves ou pessoas ilesas, mas houve quatro óbitos confirmados no período. Apesar do perfil traçado, os casos estão distribuídos de forma relativamente equilibrada entre os municípios do litoral.

Fatores de risco e aumento da exposição

Com obras estruturais realizadas no Litoral nos últimos anos, como a revitalização da orla de Matinhos, concluída em 2022, e a construção da Ponte de Guaratuba, com inauguração prevista para abril de 2026, o aumento dos afogamentos está diretamente ligado à maior presença de banhistas. A lógica é semelhante à do verão: quanto mais pessoas expostas ao mar, maior é o risco de ocorrências.

Mesmo com esse cenário, os dados mostram queda no número total de afogamentos nas duas últimas Operações Verão. Segundo dados dos Bombeiros, na temporada 2023/2024 foram registrados 189 casos, sendo 156 leves. Já em 2024/2025, o número caiu para 117 ocorrências, com 80 classificadas como leves, resultando em uma redução de 38,1%.

No entanto, o dado que preocupa é a letalidade. Na temporada mais recente, 17 pessoas morreram, contra 11 óbitos no verão anterior. Enquanto em 2023/2024 houve uma morte a cada 17 casos, em 2024/2025 a proporção foi de uma morte a cada sete ocorrências.

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Segundo os bombeiros, muitos casos estão ligados a comportamentos de risco evitáveis. “Em grupo, especialmente entre homens, há uma tendência de se expor mais, mostrar que consegue nadar mais longe ou misturar bebida alcoólica com o mar. É um perfil característico de risco”, afirma a capitã.

Afogamentos de crianças ocorre pela falta de supervisão

Entre outubro e este domingo, 78 vítimas de afogamento tinham 15 anos ou menos. Nas praias do Paraná, segundo os bombeiros, esses casos são menos frequentes. A maior parte das ocorrências com crianças acontece em piscinas, cachoeiras e outros ambientes aquáticos, quase sempre associada à falta de supervisão direta.

“Às vezes a família aluga uma casa com piscina e a criança não está habituada ao ambiente. O adulto acredita que, por o filho já ter cinco anos, ele não vai entrar na água sozinho sem permissão. Esse é um erro comum”, alerta.

Tanto em piscinas quanto no litoral, a prevenção de afogamentos em crianças começa pela supervisão constante, com o adulto mantendo-as, no máximo, à distância de um braço. As boias infláveis não são consideradas seguras. “O ideal é o uso de coletes com placas de isopor e certificação, que protegem o tórax e os braços da criança”, explica Tamires.

Prevenir é remediar – Água no umbigo, sinal de perigo!

Para reduzir os riscos durante o verão, os bombeiros reforçam que a prevenção vale para todas as idades. Nesta temporada, a Operação Verão contará com 110 postos de guarda-vidas espalhados pelas praias do litoral paranaense.

“Muitas vezes o banhista precisa caminhar 200 metros pela areia para acessar uma área protegida, diante do deslocamento de quem vem de Curitiba ou da Região Metropolitana, percorrendo ao menos 100 quilômetros para chegar ao litoral. As famílias devem buscar sempre os postos de guarda-vidas”, resume Tamires.

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Além disso, evitar o consumo de álcool antes de entrar no mar, respeitar áreas sinalizadas, não enfrentar correntezas e evitar manobras arriscadas são medidas essenciais. E, como lembra a capitã, um alerta simples continua válido: água acima do umbigo é sinal de perigo.

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