Garçom conquista respeito do cliente

Servir. Esse verbo resume a vida de profissionais como os garçons. Mas, para o bom garçom, não basta servir: tem que servir bem e conquistar admiração, o respeito e, muitas vezes a amizade dos clientes.

Assim como prega a famosa canção de Reginaldo Rossi, intitulada simplesmente Garçom, esse profissional muitas vezes ultrapassa barreiras, deixando de ser apenas a pessoa que serve uma mesa , tornando-se um confidente do cliente. Hoje é o dia do garçom, mas as comemorações acontecem amanhã, a partir das 8h, na Avenida Manoel Ribas, no bairro de Santa Felicidade, em Curitiba, quando realiza-se a tradicional corrida dos garçons.

Neocrides Trancoso de Britto é exemplo de profissional dedicado. Aos 72 anos, ele orgulha-se de trabalhar há 62 anos na profissão. Gaúcho de Passo Fundo, Britto contou que em toda sua vida sempre foi fiel aos restaurantes onde trabalhou, ficando sempre vários anos em cada um deles. Há treze anos, ele presta seus serviços ao Restaurante Toscana, em Santa Felicidade.

Para Britto, o melhor da profissão é quando um cliente sai e demonstra que ficou contente com o atendimento. Se vier gorjeta, melhor ainda. Já a parte triste é quando, mesmo sem reclamar, o garçom nota que a pessoa atendida não se satisfez plenamente com a refeição. “Para ser um bom garçom deve se estar sempre sorridente, atento e saber como abordar o cliente”, receitou Britto. Ele disse que financeiramente a profissão é rentável. “Não tenho o que reclamar: criei e formei meus quatro filhos sempre sendo garçom”, contou.

Servir alguém em especial muitas vezes é motivo de boa lembrança para um garçom. Se esse alguém for o presidente da República, melhor ainda. Por isso, Sebastião Antônio Cordeiro, o Toninho, 40 anos de profissão, nunca mais esqueceu do dia em que serviu o ex-presidente general Ernesto Geisel num jantar no Palácio Iguaçu. “Ele estava na ponta da mesa, me chamou, perguntou meu nome, então respondi. Daí, falou no meu ouvido: “Só quero o filé, não precisa da guarnição?”, lembrou, destacando que um fotógrafo registrou o fato numa foto que ele guarda com carinho até hoje. “Todos os outros garçons queriam saber o que o presidente havia falado comigo”, contou orgulhoso. Todavia servir pessoas famosas é normal para Toninho. Trabalhando há 16 anos no Paraná Clube, após passar por grandes restaurantes e hotéis de todo País, ele lembrou que já serviu o cantor Roberto Carlos e várias duplas sertanejas famosas. “Uma pessoa que ainda vou servir é o Lima Duarte. Ele já esteve aqui, mas no dia não estava trabalhando. Quero servi-lo por ele ser um grande artista, assim como eu, cada um na sua especialidade”, confidenciou Toninho, salientando que está longe o dia em que vai parar de ser garçom.

O começo

Conforme o garçom Edílton Stival, a profissão é aprendida desde cedo. Aos dez, onze anos, a criança já pode ser auxiliar de garçom, o chamado commis. Garçom desde 13 anos, hoje Stival tem uma agência de garçons autônomos. Ele explicou que seu público normalmente não é composto por restaurantes. Geralmente são particulares. “O mercado já foi melhor no final da década de 80, começo de 90”, contou. Mesmo assim ele salientou que alguns garçons chegam a ganhar, somado às comissões, até R$1,5 mil mensais. “Quero aproveitar para convidar todos os garçons para a corrida. Após haverá um churrasco de confraternização”, destacou Stival, que também é um dos organizadores da corrida.

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