GAPC quer mudar estigma do câncer

A idéia de mudar o estigma do câncer como doença diretamente relacionada à morte e dor é um dos focos do Grupo de Apoio a Pessoas com Câncer (GAPC), que funciona em todo o Brasil e atua em Curitiba há pouco mais de cinco anos. A organização não-governamental (ONG) proporciona auxílios de toda natureza aos portadores da doença, como alimentar, psicológico e de medicamentos, visando à integração da família na recuperação do doente. Na capital, a instituição atende cerca de 290 pessoas, muitas delas de baixa renda. Conforme os profissionais que atuam junto aos pacientes, a colaboração do grupo vem sendo de fundamental importância para ajudar na cura e na melhora da qualidade de vida.

O GAPC tem ramos também nas cidades de Ponta Grossa, Maringá, Londrina e Foz do Iguaçu. Apesar de cada uma das sedes funcionar independentemente, todas trabalham baseadas no voluntariado e contam com auxílios para ajudar principalmente aos mais carentes. São cestas básicas, medicamentos, leite, verduras e até pagamento de exames, quando inviáveis à família do doente ou em caráter de urgência. "Também fornecemos benefícios materiais, como roupas e móveis", acrescenta a psicóloga que trabalha com o grupo, Simone Heloíse Vicente.

Segundo ela, no entanto, é o apoio psíquico o que mais atrai quem precisa de ajuda. "Nosso foco principal é a qualidade de vida. Fazemos acompanhamento psicológico, individual e de grupo, além de visitas domiciliares e hospitalares." Uma das principais providências é verificar a dinâmica familiar do paciente, pois o cuidado em casa é um dos principais aliados da recuperação: "Com as visitas, eles (os familiares) passam a colaborar mais para ajudar na cura", constata.

A bioterapeuta que atua junto ao grupo, Maria de Lourdes Neves, avalia que é preciso investigar a vida da pessoa para entender os fatores, além dos genéticos ou habituais, como o fumo, por exemplo, que levaram à doença. "Já é cientificamente provado que o câncer aparece entre seis meses a dois anos depois de um grande trauma, que precisa ser vencido", avalia. Além disso, bons hábitos alimentares e tratamento com terapia floral são também alvos do trabalho no grupo de apoio.

A observação das profissionais é que a pessoa que tem câncer muitas vezes é marginalizada do contexto social. "A sociedade associa a doença diretamente à morte, mas procuramos enfocar o outro lado, de que ela abre oportunidades de mudança, as pessoas param para pensar em seus hábitos, costumes, valores. Além disso, com o tratamento, recuperam a sensação de pertença", resume a bioterapeuta. Sensação essa que é provada pela paciente Cristiane Fidelis, 30 anos, que há um ano descobriu um câncer de mama e logo procurou o grupo. "Aqui tenho uma família. Recebo cesta básica, leite, alimentos, mas o que acho mais importante mesmo é a parte psicológica. Mesmo quando a gente se sente abatida, pode se reunir com pessoas que passam pelo mesmo problema e perceber que existem experiências até piores que as nossas", descreve. 

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