Fúria do mar contra Guaratuba completa 35 anos

A tranqüilidade de Guaratuba, no litoral sul do Estado, foi interrompida de forma trágica há exatos 35 anos. Na madrugada do dia 22 para o dia 23 de setembro, o mar avançou sobre uma extensa área, provocando uma das maiores ressacas já vistas na região. A destruição teve início às 22h45 do dia 22 (um domingo) e só terminou à 0h45 do dia 23.

“Era o primeiro dia de primavera e Guaratuba não ganhou flores. Ganhou, isso sim, a sua pior tragédia, porque de repente o mar endoidou e engoliu quinze casas”, assim relatou o acontecimento, na época, o jornalista Aurélio Benitez, que era um dos componentes da equipe especial de O Estado a dar cobertura ao fato.

Naquela madrugada, o pânico tomou conta do município. Muitos moradores, principalmente da Rua da Praia (uma das mais atingidas) saíram de suas casas apavorados e apenas com a roupa do corpo. Alguns carregavam crianças, animais de estimação, eletrodomésticos e outros objetos pessoais.

Sobre a água boiavam roupas, brinquedos e peças de mobiliário. Muita gente, supondo que toda Guaratuba estivesse condenada a desaparecer, fugiu para Matinhos, Curitiba e Garuva (SC). Cerca de 170 pessoas ficaram desabrigadas e perderam grande parte de seus pertences.

Prédios destruídos

Um trapiche, construído quinze anos antes da tragédia, desabou. Postes de iluminação pública e árvores da Rua da Praia desapareceram. O edifício da Prefeitura desmoronou e o prédio da Câmara Municipal afundou. Outras construções de até três andares ou desapareceram ou foram tragadas pelo mar. Segundo reportagens publicadas nos dias seguintes à tragédia, quinze prédios foram destruídos e outros dezessete foram parcialmente atingidos. Foram condenados o prédio dos Correios, o Mercado Municipal e diversas residências.

Na época, o então governador Paulo Pimentel determinou a mobilização de recursos totais no sentido de socorrer a população e atender as famílias atingidas. Foram enviados a Guaratuba 35 homens do Corpo de Bombeiros de Curitiba. A culpa da tragédia foi atribuída à erosão.

Geólogos anunciaram que o desastre já havia sido iniciado há muitos anos, com o trabalho das águas no subsolo, removendo o lodo argiloso que servia de anteparo ao aterro da Rua da Praia.

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