Formação no exterior preocupa CRM

O crescimento pela procura de cursos de medicina no exterior, principalmente em países como a Bolívia, Cuba e Argentina, está preocupando o Conselho Regional de Medicina (CRM). A grande maioria desses profissionais não consegue validar o diploma no Brasil, e acaba trabalhando irregularmente. O conselho da classe diz que a situação preocupa, não pela competição no mercado, mas pela segurança da população.

A estimativa do Conselho Federal de Medicina (CFM), é que cinco mil brasileiros estão cursando medicina na Bolívia, perto de 600 estão em Cuba, e metade disso na Argentina. Para que possam receber o número do registro profissional e atuar na atividade, precisam revalidar o diploma no Brasil, cujo processo é feito em uma universidade pública. Em Curitiba, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) é quem faz essa avaliação, e a média de aprovação não tem passado de 6%. Neste ano, dos 30 candidatos inscritos, nenhum foi aprovado.

O secretário-geral do Conselho Regional de Medicina (CRM) do Paraná, Donizete Gianberardino Filho, afirma que a entidade tem recebido uma média de duas denúncias por mês no Estado da atuação de profissionais não habilitados. ?Apesar do número parecer pequeno, temos que pensar que isso ocorre em todo o Brasil, então esses números se multiplicam?, falou. Ele também citou que, em alguns casos, essas pessoas estão clinicando e emitindo receitas sem o número no CRM ou usando o número de outro médico. ?Os pacientes estranham esse procedimento. Isso é exercício ilegal da profissão?, observa.

Avaliação

Um dos grandes motivos para o aumento na procura por cursos no exterior, diz o secretário do CRM, é que o ingresso se dá através de matrícula, e não por vestibular, como ocorre no Brasil. ?Porém, para trabalharem aqui, precisam revalidar o diploma, então não adianta eles quererem pular uma etapa?, comenta. O coordenador do curso de medicina da UFPR, Miguel Ibraim Hanna Sobrinho, diz que não existe um padrão na forma de avaliação, e cada instituição segue algumas diretrizes do Conselho Nacional de Educação. Por isso, muitos candidatos acabam fazendo a prova em várias instituições.

O coordenador explica que até 2004 a UFPR aceitava todas as inscrições de candidatos, e que nesse ano o número de inscritos chegou a 300. Desse total, menos de 6% foram aprovados. Devido à grande demanda, em 2005 a universidade limitou em 30 as inscrições, porém nenhum candidato foi aprovado. Hanna explica que a primeira análise feita é a comparação do currículo escolar e carga horária. Em uma segunda etapa, o candidato realiza provas de conhecimento cognitivo e conteúdo, elaborada por docentes da instituição.

Quem consegue nota mínima nessa etapa segue para a prova de habilidade de competência, que é semelhante a uma prova prática, e inclui os conhecimentos de clínica médica, tocoginecologia, cirurgia geral, pediatria e medicina coletiva. ?Quem não passar tem que fazer a parte do ciclo, desde que tenha vaga no curso da universidade?, explicou. Todo esse processo dura em média seis meses. Hanna disse que a UFPR limitou o número de inscritos porque não tinha condições de absorver todos os candidatos reprovados. Ele considera que o processo é rígido e necessário, ?pois o sistema de saúde desses países é diferente do Brasil.? O coordenador afirma que é difícil mensurar o porquê da baixa aprovação. ?Não sabemos se a prova é rígida demais. O que nós queremos é ser justos?, finaliza. 

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