Filas e demora em hospital de Matinhos

O aumento da demanda por atendimento médico no litoral tem sobrecarregado profissionais e aumentado as despesas da Saúde municipal de Matinhos, que mantém o único hospital público do município, o Nossa Senhora dos Navegantes. A estrutura, preparada para atender uma população fixa de 40 mil habitantes, tem de dar conta de quase 18 vezes mais, ou seja, cerca de 700 mil pessoas. O resultado são filas e tempo de espera até duas vezes maior que o normal.

O diretor do hospital, Jeferson Azevedo, reclama insuficiência no auxílio solicitado ao governo do Estado para atender à população itinerante. Segundo ele, dos cinco médicos e seis técnicos de enfermagem solicitados quando das reuniões da Operação Viva o Verão, dois meses antes da temporada, somente três e dois profissionais de cada categoria, respectivamente, foram enviados para reforçar o quadro de funcionários. ?Além disso, também solicitamos duas ambulâncias e motoristas, mas não veio nada. E do total de medicamentos e materiais de laboratório pedidos, recebemos somente cerca de 1%?, contabiliza.

Despesas aumentam e profissionais da instituição estão cada vez mais sobrecarregados.

O quadro fixo do hospital -composto por dois médicos para atendimento ambulatorial, um pediatra, um anestesista, um ginecologista obstetra e um médico responsável pelo setor de clínica médica, além de onze enfermeiros e 77 técnicos e auxiliares de enfermagem – dá conta de atender à demanda, afirma Azevedo, mas à custa de trabalho dobrado. ?Durante a temporada, a gente faz milagre, já que as consultas diárias saem de uma média de 170 para quase 700?. De acordo com o diretor, é comum médicos trabalharem até 72 horas seguidas, alternando apenas pequenos descansos.

Os atendimentos, entretanto, são geralmente de fácil solução, uma vez que a maior parte das pessoas que busca o hospital e as seis unidades de saúde do município – também sobrecarregadas, segundo o diretor – são para problemas ocasionados pelos exageros de férias.

?São fatores relacionados à ingestão de bebida alcoólica em excesso, indisposição gerada pela ingestão de alimentos estragados, fraturas e cortes?, cita.

Jeferson Azevedo, diretor do hospital: ?Nossos gastos triplicam?.

A procura devido a queimaduras ocasionadas por águas- vivas, apesar de maior nesta temporada, chega a no máximo seis casos/dia, quase sempre leves. ?O ideal é que a população também não exagere e tenha cuidado com o mar e com o que consome?, pede. Até porque, segundo o diretor, no caso de ter de recorrer ao hospital, a espera pode ser longa: até uma hora e meia, contra cerca de meia hora registrada fora da temporada.

De acordo com Azevedo, se o movimento continuar como está o custo acarretado pelo aumento da demanda deve chegar a R$ 3 milhões no final da temporada – 90% provenientes do caixa do município, segundo ele.

?Nossos gastos com medicamentos, material hospitalar e pessoal triplicam. Infelizmente, isso deve prejudicar o atendimento à população ao final da temporada.?

Regional defende o trabalho do Estado

O chefe da regional de Saúde de Paranaguá, Paulo Roberto Zanicotti, defende o Estado das afirmações do diretor do hospital, dizendo que o investimento na saúde durante a Operação Verão tem sido alto, totalizando um montante de R$ 2,2 milhões.

Entretanto, credita as dificuldades vividas no Nossa Senhora dos Navegantes à permanência atípica de boa parte dos turistas após o réveillon. ?O cálculo de pessoal, medicamentos e material hospitalar foi feito com base na Operação Verão do ano passado, quando disponibilizamos o mesmo montante. Trabalhamos dentro de uma série histórica, com estatísticas, mas era imprevisível que muitos iriam estender a permanência.?

Mesmo assim, acrescenta o médico, em duas semanas de operação não seria possível avaliar a real demanda do município. ?Certamente a população deve diminuir, ainda não passou tempo suficiente para sabermos se isso se traduzirá em aporte maior que o baseado no verão anterior.?

Segundo Zanicotti, uma avaliação concreta só será possível em pelo menos trinta dias. Além disso, ele contesta a colocação de Azevedo de que o município tem arcado com as despesas extras, afirmando que o Estado tem destinado à Prefeitura os recursos necessários. ?A diferença é que, este ano, estamos fornecendo medicamentos e material paulatinamente, quando antes o fazíamos de uma só vez.?

O chefe da regional garante que, caso as expectativas não se cumpram e o movimento não diminua daqui para frente, providências serão tomadas. ?Nesse caso, certamente o secretário de Estado da Saúde, Cláudio Xavier, levará o assunto ao governador, que atenderá a essa demanda.?

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