Ferros-velhos continuam contribuindo com o Aedes

Dados da Prefeitura de Curitiba indicam que os casos de dengue diminuíram nos primeiros três meses deste ano em relação ao ano passado. No primeiro trimestre de 2002, foram verificadas 116 ocorrências, todas importadas de outras regiões do País. Durante todo o ano, foram constatadas 149 pessoas doentes. No primeiro trimestre deste ano, foram contabilizados quinze casos, também importados.

Apesar de os números serem considerados positivos, a dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, continua sendo uma preocupação na cidade. Os depósitos de ferro-velho, localizados nas proximidades de áreas residenciais, são considerados um dos principais criadouros do mosquito. Quem mora perto dos estabelecimentos se preocupa.

O segurança Gilberto de Oliveira Filho vive perto de um ferro-velho localizado nas proximidades da BR-116, no bairro Guabirotuba. Ele conta que, apesar de no lugar haver um depósito de peças, carcaças de veículos são deixadas a céu aberto. “Na região, aparecem muitos ratos, baratas e pernilongos. Não duvido que existam focos do mosquito da dengue. Quando chove, acumula água nas peças”, afirma.

O funcionário de um estabelecimento comercial localizado em frente a um ferro- velho desativado na Avenida Senador Salgado Filho, José Ednilson, também se mostra apreensivo. Apesar de o depósito ter sido desativado, carcaças e sucatas permanecem a céu aberto no local. “O pessoal da vigilância sanitária sempre fiscaliza o local. Porém, às vezes chove e passam-se dias até os fiscais aparecerem novamente. Nunca encontrei mosquitos da dengue nas proximidades, mas a preocupação é sempre constante”, diz.

Projeto

Tramita no Departamento de Apoio Administrativo da Câmara Municipal de Curitiba um projeto, número 0574/2003, do vereador Osmar Bertoldi, que obriga os donos de depósitos e ferros-velhos a instalarem proteções fixas ou desmontáveis para evitar a proliferação do Aedes aegypti.

Segundo Osmar, a idéia é de que os proprietários passem a se preocupar em evitar o acúmulo de água da chuva em meio a sucatas. A expectativa é de que o projeto seja votado em setembro. Se aprovado, quem desobedecer terá que pagar multa de 150 Ufirs, ficará sujeito a suspensão de atividade e cassação do alvará de funcionamento do estabelecimento.

Prefeitura

Para combater a dengue, a Secretaria Municipal de Saúde realiza monitoramento constante em 1.200 pontos da cidade, fiscalizados a cada quinze dias. Entre ele, encontram-se 74 estabelecimentos que comercializam sucata metálica. Para combater a dengue, a Prefeitura de Curitiba também mantém um programa de troca de pneus por alimentos. Cada cinco pneus podem ser trocados por uma sacola de dez quilos de hortigranjeiros, através do programa Compra do Lixo. Os pneus arrecadados são encaminhados para reciclagem, deixando de poluir o meio ambiente e acumular água parada.

Além disso, a população curitibana conta com o apoio de agentes comunitários de saúde, que atuam desde o ano 2000, conscientizando as pessoas em relação a medidas preventivas contra o Aedes aegypti. Na capital, o combate ao mosquito transmissor da dengue começou em 1998.

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