Um acampamento de cerca de 300 integrantes da Via Campesina foi montado em frente à Fazenda Santa Rita (Nelori Beka), de propriedade do deputado Abelardo Lupion (PFL-PR). Ao chegar na área, em Santo Antônio da Platina, no Norte Pioneiro, ontem, por volta das 12h, o movimento deixou claro que ?não se trata de uma ocupação, mas apenas uma manifesto contra a corrupção do agronegócio?. Eles permanecem no local por tempo indeterminado e pedem a cassação do mandato do candidato à reeleição pela coligação Voto Limpo. Segundo a assessoria estadual da Via Campesina, existem algumas explicações em aberto na Justiça sobre ?caixa 2 e apoio a interesses de empresas agrícolas multinacionais em benefício próprio que precisam ser dadas à população?. O movimento alega que a fazenda em questão teria sido doada a Lupion pela Monsanto em troca de apoio no Congresso Nacional para aprovação de emenda à medida provisória que autoriza o uso do glifosato como herbicida pós-emergente na cultura da soja geneticamente modificada, para a safra 2004/2005. ?Com o ?lobby? do parlamentar, a aprovação da emenda aconteceu cinco meses após a aquisição da fazenda pelo deputado. Depois disso, Lupion foi alvo de duas representações na Justiça?, alega a Via Campesina. Essas acusações têm base na matéria publicada no Jornal Correio Braziliense, em 8 de maio, que denuncia o benefício às empresas e trata do processo no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura a existência de um caixa 2 durante a campanha de 1998.
O deputado Lupion estava em Laranjeiras do Sul no momento em que os manifestantes se instalaram em frente à fazenda. No final da tarde, já em Santo Antônio da Platina, ele disse que a ação da Via Campesina se tratava ?de um manifesto político que resolveram fazer contra mim?. ?Toda vez que alguém levantar a voz contra o atual governo, Lula e o PT, como fiz, isso vai acontecer?, afirma Lupion. Ainda ontem, o deputado encaminhou um pedido judicial de interdito proibitório, se prevenindo de uma possível ocupação.
Janene
Também na região de Londrina, a Fazenda Três Jota, do deputado federal José Janene (PP-PR), continua ocupada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que chegaram ao local na última sexta-feira. No último final de semana a Justiça determinou a reintegração de posse da área, que ainda não foi cumprida. O MST informou que os advogados do movimento vão contestar essa decisão judicial. Eles aguardam que o material encontrado na fazenda no último sábado -quatro simuladores de urnas eletrônicas – sejam investigados. De acordo com a Justiça Eleitoral de Londrina, um procedimento foi aberto e o promotor Sérgio de Siqueira já encaminhou o pedido de perícia dos simuladores.