Famílias dekasseguis fundam associação

O sonho dos dekasseguis ao partirem para o Japão é ganhar muito dinheiro para voltar para o Brasil. Mas é cada vez mais comum o sonho dos descendentes de orientais se tornarem um pesadelo para as famílias que ficam à espera no outro lado do mundo. Muitas vezes, além do sonhado dinheiro, os dekasseguis encontram outra família no Japão e abandonam os familiares brasileiros.

Foi o que aconteceu com Djalma Straube, que vive em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo. A esposa dele foi para o Japão e o deixou cuidando das filhas. ?Uma delas tinha apenas um ano. Ela foi e nunca mais deu notícia, nem ajudou financeiramente a criá-las?, relembra. Com o passar do tempo, ele foi descobrindo que outras pessoas passaram pela situação dele e tinham dificuldade de fazer valer o direito dos filhos à pensão alimentícia.

Foi então que surgiu a idéia de fundar a Associação das Famílias Abandonadas por Dekasseguis (Afad). ?Já temos 80 famílias espalhadas pelo Brasil. Unidos, temos confiança de ter mais conquistas dos nossos direitos?, diz. Paranaenses que estiverem passando por essa situação, podem contatar a Afad pelo telefone (11) 4796-5748.

Um passo importante na luta das famílias abandonadas foi a conquista do apoio do senador paranaense Flávio Arns (PT). Solidário com o grupo, ele já trabalha para buscar um acordo de cooperação com o Japão. ?Queremos que as determinações da Justiça brasileira possam ser cumpridas no Japão?, diz.

O grande problema é que a proposta dos japoneses é apenas extraditar os dekasseguis com problemas deste tipo. ?Não há essa necessidade e é isso que estamos tentando negociar?, diz o senador. Para tanto, ele já trabalha junto ao consulado japonês e à embaixada, na tentativa de chegar a um denominador comum na questão.

?É uma luta importante. No Japão, já vivem mais de 300 mil dekasseguis. Imagina o número de pessoas desamparadas aqui no Brasil??, diz Arns. Paranaense, ele se preocupa em especial com o Paraná, um dos estados de maior concentração de japoneses do Brasil. No mês que vem, Arns deve convocar uma audiência pública em Brasília para debater a questão. 

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