Família dorme temendo que a casa desabe

A família da auxiliar administrativa Suzana Salete D?Avila mora em um terreno na Rua Alberico Flores Bueno, no Bairro Alto, em Curitiba, há 24 anos. Quando se mudaram para lá, havia um córrego em frente à casa deles, fácil de ser ultrapassado com um pulo. Com o passar dos anos, o filete de água se transformou em um enorme valetão. O pai de Suzana, Sérgio Lurindo D?Avila, cansou de pedir para a Prefeitura fazer uma galeria no local, mas não foi atendido.  

Ele, então, construiu uma cobertura em cima dessa valeta, para que a família ficasse mais confortável. A terra foi cedendo dentro dessa vala e, com o aumento do tráfego pesado na região nos últimos anos, parte da estrutura construída cedeu há um ano. Desde então, Suzana e seus familiares têm que conviver com o mau cheiro e os ratos. Ela não consegue sair de casa pela porta principal porque há um buraco enorme na frente. Além disso, não dorme tranqüila, com medo de que a casa também ceda.

Suzana, que está grávida, conta que a cobertura feita por seu pai caiu às 3h, quando ninguém estava na frente da residência. Mas a terra cedeu muito perto da casa, que pode estar comprometida. ?Ainda corremos o risco de passar na parte que sobrou e cair. Você dorme sabendo que a casa pode desabar?, conta. O buraco formado foi coberto com placas para evitar que alguém caia no local, mas a estrutura é frágil.

De acordo com a auxiliar, quando a Prefeitura asfaltou e revitalizou a rua em frente à casa dela, há oito anos, fez um muro de proteção com pedras e arame na valeta dentro do terreno do vizinho para que a rua não cedesse. Esse foi o único trabalho de contenção feito no quarteirão onde mora.

Além de toda essa situação, Suzana e sua família estão revoltados porque a Prefeitura construiu, há pouco tempo, galerias nas quadras perto de onde moram. ?Chegaram até as esquinas da quadra onde fica a nossa casa, mas não fizeram nada no meio do quadra. Faz três anos que vem um representante da Prefeitura falando que vão fazer a galeria, mas nada até agora?, afirma.

Sérgio D?Avila pede uma solução para o problema da família, antes que uma tragédia aconteça. ?Nós pagamos IPTU desse terreno. Construir as galerias é uma obra de utilidade pública. Nós ficamos revoltados com o descaso, depois de tanto tempo lutando. Como se só a gente não tivesse direito de uma moradia decente?, opina.

Irregular

Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura de Curitiba, a casa foi construída irregularmente, pois deveria ter uma distância maior do córrego. Além disso, a galeria construída pelo proprietário também precisava de autorização: ela foi feita fora dos padrões exigidos nessas obras. Os técnicos suspeitam que a construção pode ter sido a causa da erosão. Por enquanto, a família vai ter que conviver com o buraco. A Prefeitura vai realizar obras no local, mas ainda não existe data definida.

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