Explosões em depósito de gás assustam curitibanos

Explosões múltiplas no depósito de gás Prado & Santos, da Liquigás, nas Mercês, em Curitiba, no final da tarde de ontem, deixaram os moradores do bairro desesperados. O depósito, que fica na esquina das ruas Roberto Barrozo e Júlio Perneta, ficou inteiramente destruído. Não houve vítimas. Três pessoas que estavam no barracão conseguiram escapar do fogo e foram levadas, apenas para observação, ao Hospital Evangélico.

A primeira explosão ocorreu às 18h e foi seguida pelo estouro de diversos outros botijões de gás. Alguns voaram de dentro do depósito e foram parar no meio da rua, causando correria e pânico a quem estava por perto. O Monza placa KTX-4705, que estava estacionado do lado de fora – pertencente possivelmente a um cliente – teve os vidros laterais esquerdos todos arrebentados pelo estouro. Dentro do terreno ainda havia um caminhão, uma caminhonete e dois automóveis, todos usados para as entregas de gás.

Alguns vizinhos comentaram que no local havia uma família de caseiros, que morava e trabalhava no depósito. No entanto, o funcionário Flávio Acácio contou que ninguém morava lá. Os funcionários do depósito só circulavam pelo local enquanto o estabelecimento estava aberto. Três pessoas estavam no barracão na hora da explosão, enquanto ele e outra pessoa realizavam entregas na rua.

O Corpo de Bombeiros chegou ao local 16 minutos depois do início do incêndio e teve dificuldades para controlar o fogo. Toda a água do primeiro caminhão de incêndio que chegou acabou em instantes, devido às altas e fortes labaredas, que atingiam mais de 15 metros de altura e podiam ser vistas em diversos bairros ao redor. Uma casa ao lado do depósito, na Rua Júlio Perneta, também pegou fogo, que logo foi controlado e resultou em pequenos danos na residência.

Às 18h57, um novo foco de incêndio surgiu, mas logo foi controlado. Às 19h20, o major Samuel Prestes, do Corpo de Bombeiros, declarou que o fogo estava controlado, mas que ainda havia risco de explosões, devido a ainda haver botijões cheios dentro do depósito.

Pânico entre os moradores da região

Patrícia Cavallari

Foto: Anderson Tozato

Vizinhança teve que ser socorrida pela Defesa Civil.

Antes de acontecer a explosão na distribuidora de gás, o odor do produto, que segundo os moradores vizinhos ao depósito, é costumeiramente forte, se intensificou. De repente, eles ouviram a primeira explosão, e a partir disso o pânico instalou-se. Todos tiveram que abandonar suas casas às pressas. Alguns saíram por conta, outros foram socorridos pela Defesa Civil.

Tohoru Okayama, 70 anos, que mora ao lado da distribuidora, estava sozinho em casa quando ouviu o primeiro estouro. Em seguida, avistou as chamas e, como tem dificuldade para andar, ficou apavorado. ?Quando vi o fogo fiquei horrorizado, com muito medo de que o fogo pegasse minha casa?, disse o morador, que foi retirado pela Defesa Civil.

Minutos depois que ele foi socorrido, a filha e a esposa chegavam em casa quando viram as labaredas já da esquina da Rua Roberto Barrozo. Elas ficaram desesperadas e furaram o isolamento feito pelo Corpo de Bombeiros. ?Quando vi o fogo achei que meu pai estava na casa. Tive um alívio quando o vi?, contou Vanessa Okayama, 28 anos.

No restaurante em frente ao depósito, mais susto. A auxiliar de cozinha Marina Coutinho, 57, disse que o fogo começou baixo e que logo aconteceu a primeira explosão. ?Foi uma seqüência de estouros. Nosso medo era que os botijões voassem para cima do restaurante, pois a cada explosão o fogo ficava mais alto. Soltava muita fuligem até que a luz acabou. Daí todo mundo saiu correndo?, contou Marina.

A moradora em frente ao depósito, Irene Gasparin, 94 anos, se machucou ao ser retirada da casa. Socorristas da Defesa Civil tiveram que arrombar o portão lateral para socorrê-la, uma vez que a saída pela frente apresentava risco. A mulher bateu a perna numa mureta e foi levada por parentes ao hospital. ?De repente, vimos o fogo e a seqüência de explosões. Minha mãe foi passar pelo muro, bateu a perna e sangrou muito. Ela estava tão assustada que não conseguia ficar em pé?, contou o filho, José Thadeu Gasparin, 64.

Bairro ficou sem energia elétrica

Mara Andrich e Nájia Furlan

Devido à explosão, a Copel teve que desligar a linha de transmissão que passa nas proximidades do local atingido, no bairro Mercês. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a distribuição seria remanejada e quem dependia dessa rede receberia energia elétrica de outras fontes ainda ontem.

A Diretoria de Trânsito de Curitiba (Diretran) informou que muitas ruas próximas ao local do incêndio tiveram que ser bloqueadas, mas no início da noite de ontem o órgão ainda não sabia quantas quadras foram interditadas. Pelo menos 25 agentes trabalharam no bloqueio, fora os policiais do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) e os guardas municipais, que também auxiliaram no controle do trânsito. A Diretran informou ainda que vários semáforos desligaram em função da falta de energia elétrica, o que complicou ainda mais o fluxo de veículos.

A assessoria de imprensa da Liquigás (da Petrobras), por meio de nota, informou que as causas do incêndio na revenda ainda estão sendo apuradas. A empresa informou ainda que não tinha informações sobre a quantidade de botijões de gás que estavam no local.

Cerca de 30 bombeiros levaram uma hora para conseguir controlar o incêndio. A assessoria do Corpo de Bombeiros informou que provavelmente o trabalho de rescaldo não seja muito longo por se tratar de gás. Foram utilizados cinco caminhões para controlar o fogo. Os bombeiros também não têm informações, ainda, sobre as causas do incêndio.

Sindicato denuncia comércio ilegal

Rosângela Oliveira

A explosão na revenda de gás Prado & Santos Ltda., na noite de ontem, em Curitiba, levantou um problema que vem sendo denunciado pelo sindicato do setor: o comércio ilegal de botijões de gás. A estimativa é que existam três mil pontos de vendas ilegais na capital e região metropolitana, contra uma total de 600 pontos regulares.

O presidente do Sindicato das Revendas de Gás de Curitiba e Região (Sinregás), José Luiz Rocha, não soube precisar se a revenda que explodiu estava ou não regular, porém afirmou que o estabelecimento era antigo na região. Rocha acredita que o acidente pode ter ocorrido devido ao manuseio inadequado dos botijões. ?O GLP é seguro. O problema acontece quando o botijão é exposto ou armazenado de forma errada?, disse.

O fato de a revenda estar localizada numa região residencial, afirma o sindicalista, não expõe a comunidade.

Ontem, o Corpo de Bombeiros ainda não tinha informações se a revenda era ou não autorizada, pois que o setor de vistoria que cuida desse segmento já estava fechado.

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