Estudo revela que ensino sofre com falta de tempo e motivação

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou ontem uma análise da evolução da educação no Brasil no período de 1992 a 2009. O estudo, com base em pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) abordou temas como acesso a educação, analfabetismo, entre outros pontos.

Embora tenha melhorado principalmente em questões como tempo em que o brasileiro passa estudando, há outros que ainda merecem atenção e preocupação das autoridades.

O professor e pesquisador do núcleo de políticas de educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ângelo Souza, conta que o grande desafio hoje é de dar mais qualidade para a educação.

“A ideia é ver como manter a inclusão de pessoas sem que a qualidade do ensino seja reduzida. Foi criado o mito que a educação no Brasil era boa nas décadas de 50 e 60. Porém, o que acontecia era que o aluno tinha que se adequar ao sistema ou estava fora. Dos anos 90 para cá, essa mentalidade foi suplantada. Agora, a meta é fazer com que o estudante chegue, fique e aprenda. Isso deu uma melhorada, porém ainda é tímida”, revela.

Para o professor, a análise aponta que existem dois problemas que o País precisa resolver urgentemente: o tempo que os estudantes ficam em sala de aula e motivação para os professores.

“O Brasil é um dos poucos países no mundo que não disponibiliza tempo para os alunos. A jornada é de quatro horas por dia em sala de aula, mas em alguns lugares esse tempo chegou até a se reduzir. Nossa média de horas/aula está menor do que na década de 80, por exemplo”, explica.

No caso dos docentes, Souza diz que há dificuldade deles chegarem ao teto salarial da categoria. “Os professores do Paraná são bem qualificados, porém a remuneração fica aquém da desejada. Sem profissionais qualificados e bem pagos, o ensino não melhora”, avalia.

No caso do analfabetismo, embora as taxas venham caindo, faltam políticas públicas para essa população. “A última grande política para erradicar o analfabetismo foi o Mobral. Não nos movimentamos neste sentido e não podemos ignorar esta parcela da população. O Brasil Alfabetizado, do governo Lula, até tinha boas intenções, mas falta muita coisa para que ele dê certo”, encerra.