Estudo aponta risco de surto de dengue em Paranavaí

O Ministério da Saúde divulgou ontem os resultados do Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), metodologia implementada para identificar rapidamente, em municípios de todo o País, criadouros do mosquito transmissor da dengue. No Paraná, onze prefeituras realizaram as análises entre o ano passado e este ano. A situação mais crítica foi constatada em Paranavaí, noroeste do Estado, onde os resultados apontam número de residências com focos de larvas do mosquito acima do aceitável tanto em 2005 como em 2006. Já Curitiba foi a única cidade do País onde nenhuma das casas visitadas apresentou as larvas do Aedes.

Conforme as análises, os municípios foram classificados em três categorias: satisfatório, alerta e risco de surto. A classificação se dá com base na relação entre o total de casas pesquisadas e aquelas em que as larvas foram encontradas, fornecendo, dessa forma, o Índice de Infestação Predial (IIP). Quando esse índice fica acima de quatro casas com larvas em cada cem avaliadas, constata-se o ponto crítico; entre uma e 3,9 residências, a situação é de alerta; abaixo desse índice, o local encontra-se em condição satisfatória. A análise durante os dois anos foi feita entre a última semana de outubro e a primeira de novembro.

Em dados gerais, o ministério verificou avanços em todo o Brasil. No Paraná não foi diferente. Dos onze municípios solicitados para avaliação pela Saúde – Apucarana, Cambé, Cascavel, Curitiba, Foz do Iguaçu, Guaíra, Londrina, Maringá, Paranaguá, Paranavaí e Toledo -, três deixaram a classificação de alerta em 2005 para tornarem-se satisfatórios este ano (Apucarana, Londrina e Toledo). Cambé e Guaíra, que no ano passado foram classificados sob risco de surto, saltaram este ano para a situação de alerta. Em Guaíra, principalmente, o avanço foi considerável: da média de 10,4 casas entre cem avaliadas com larvas do mosquito em 2005 passou a 3 para cada cem este ano.

Mas há contrapartidas: Cascavel, que estava com índice satisfatório, em 2005, passou ao alerta este ano. Maringá não conseguiu sair do alerta entre um ano e outro, mantendo a classificação. A pior situação, entretanto, é a de Paranavaí, que durante os dois anos foi classificada sob risco de surto, alcançando índices de 5 e 4 casas para cada cem em 2005 e 2006. A situação mais privilegiada é a de Curitiba, que obteve classificação satisfatória com índice zero em ambos os anos.

Conscientização

O coordenador do controle de endemias da vigilância sanitária de Paranavaí, Randal Fadel Filho, explica que os altos índices constatados na cidade estão relacionados principalmente à falta de conscientização das pessoas. ?É uma cidade que está em alto risco tanto pelo falto de a região ser propícia ao desenvolvimento do vetor como pelos cuidados que não estão sendo tomados?, afirma.

Ele cita ainda que a Prefeitura enfrentou dificuldades no início do ano com relação a contratação de funcionários e problemas com viaturas. ?Mas a partir de agosto normalizamos a situação e estamos desenvolvendo trabalhos de educação nas escolas e junto a equipes do Programa Saúde da Família (PSF). Também fazemos trabalho de prevenção, recolhendo entulhos que acumulem água em terrenos baldios e contatando a população. Mas, infelizmente, ainda há muito descaso com relação à doença.? Ainda segundo o coordenador, não é a classe social que determina os locais onde há focos da doença: o maior IIP da cidade, de 4,9 casas para cada cem, foi constatado no bairro Ouro Branco. ?Um dos mais nobres da cidade?, adverte.

A Secretaria de Estado da Saúde também informou que seus técnicos estão intensificando as visitas aos municípios que apresentam possível risco de surto e orientando a população junto com as equipes municipais.

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