Estratégias contra fraudes de energia em discussão

Empresas de distribuição de energia, agências reguladoras, representantes da Secretaria de Estado da Segurança Pública, técnicos de entidades prestadoras de serviços e integrantes do Poder Judiciário participaram ontem do 1.º Workshop Furtos/Fraudes de Energia e Roubo de Condutores e Equipamentos, promovido pela Companhia Paranaense de Energia (Copel) e a Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee).

O objetivo foi trocar experiências e determinar estratégias para diminuir o número desse tipo de ocorrência, que gera prejuízos econômicos e sociais. As distribuidoras deixaram de receber quase R$ 3,6 bilhões no ano passado por conta do uso clandestino e fraudes na medição do consumo de energia.

O presidente da Copel, Paulo Pimentel, salienta que a situação do Paraná é muito crítica por ter se tornado constante. Ele destaca que roubos de equipamentos e condutores são registrados todos os dias. “Os infratores pegam até as barras das torres de alta tensão para vender. Eles tiram os parafusos e levam as barras. Deixam as torres balançando”, relata.

Para o engenheiro eletricista da Copel e organizador do evento, André Luís Castro Davi, a situação do Paraná ainda é inferior em relação a outros estados, tanto na questão de roubo de equipamentos quanto de energia. Ele defende a criação de delegacias especializadas para combater esse tipo de crime. “É preciso unir esforços no sentido de reduzir os roubos. Acabar é impossível. A polícia trabalha com algumas restrições e, na hora de investigar algum crime, vai dar prioridade para um assassinato do que uma fraude de energia, por exemplo. Seria ideal não misturar os roubos de energia com os demais. Nossa briga agora é para a criação de delegacias especializadas, como em São Paulo e no Rio de Janeiro”, sugere.

De acordo com o superintendente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Paulo Henrique Silvestri, o setor elétrico não tem instrumentos suficientes para combater o problema sozinho. “É um verdadeiro caso de polícia. A situação é muito grave e vem aumentando. Iniciativas como essa (workshop) podem ajudar em uma mobilização social”, avalia.

Ele explica que muitos ex-profissionais do setor que perderam o emprego acabam praticando o crime. Algumas pessoas vêem a fraude e o roubo de energia como uma opção para fugir do alto valor da conta, em virtude do grande consumo. “No caso da fraude, existem empresas especializadas nisso. É lamentável. O sujeito infrator pode ser condenado à prisão sem liberdade condicional e sem pagamento de fiança”, ressalta Silvestri. Os crimes também são praticados por grandes empresas e estabelecimentos comerciais de grande porte.

O superintendente cita a empresa de energia do Rio de Janeiro como um exemplo no combate ao roubo. Ela estabeleceu um novo padrão de rede para as áreas onde os crimes ocorriam de forma incontrolável. “É um sistema caro, mas são experiências interessantes. As empresas estão procurando alternativas para diminuir os roubos e fraudes. Isso gera custos para todo mundo, o que acaba refletindo na tarifa. É um problema que não pode ser ignorado”, completa.

O problema em números

* As companhias de energia não receberam R$ 3,6 bilhões no ano passado em função de roubos e fraudes.

* O valor equivale ao faturamento anual de uma empresa do porte da Copel. Ela atende 3,1 milhões de ligações e comercializou 18,7 milhões de megawatts-horas no ano passado.

* Foram gastos mais de R$ 10 milhões em reposição de materiais roubados no ano passado por uma dúzia de companhia que representam metade do mercado consumidor.

* Foram registradas 2 mil ocorrências do roubo de 1,5 mil quilômetros de cabos condutores e 906 outros equipamentos.

Fonte: Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee)

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