Estradas do Paraná estão em estado muito precário

O auge da colheita da safra se aproxima e as estradas paranaenses ainda apresentam uma série de problemas. Segundo o secretário estadual dos Transportes, Valdir Pugliesi, o Paraná sofre devido a falta de investimento da administração anterior. O governador Roberto Requião assumiu o governo com 40% da malha rodoviária estadual em péssimo estado.

Hoje são 34% nessa situação. A redução ainda é pequena, mas Pugliesi avalia os dados como positivos uma vez que a degradação das rodovias foi estagnada. No ritmo que vinha se apresentando, o Estado poderia ter hoje mais de 50% de estradas danificadas.

O Paraná está pagando hoje pelo descaso com as estradas nos últimos anos. Segundo o diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Rogério Tizzot, em 1999, 10% das rodovias estavam totalmente danificadas. Em 2001 já eram 23% e 2002 o Paraná fechou com 40%. “Com a atuação do DER revertemos o processo de degradação e baixamos para 34% o número de quilômetros em estado ruim”, analisa o diretor.

Tizzot diz que o Paraná perdeu muito dinheiro quando deixou de conservar suas estradas. “De cada real que foi deixado de investir, o Estado está tendo que aplicar hoje entre R$ 6 e R$ 8, para reconstruir as rodovias”, fala Tizzot. Para ele, só daqui a dois anos o Paraná vai conseguir reduzir drasticamente estes números. Além das estradas, os equipamentos do DER também sofreram processo de degradação. Em 1994, o órgão contava com 3,5 mil máquinas e caminhões, enquanto hoje são apenas mil. A metade sem condições de uso.

Pontos críticos

A região que apresenta os maiores problemas é o Noroeste do Estado. Isso acontece devido à constituição do solo, que é mais suscetível ao desgaste. O prefeito de Xambrê, Milton Adriano de Oliveira, comenta que o trecho da rodovia estadual que liga a sua cidade ao distrito de Casa Branca simplesmente não existe. “São tantos os buracos que a rodovia não é mais visível”, fala. A operação tapa-buracos realizada ano passado não resolveu muita coisa. A chuva que caiu nos dois últimos meses acabou com o trabalho feito.

Na região, a situação é crítica também devido a abertura da ponte de Porto Camargo, ligando o Paraná ao Mato Grosso do Sul. Houve um aumento do fluxo de caminhões, sem que as rodovias estivessem preparadas. Outro ponto que contribuiu para deixar as estradas em estado calamitoso foi a mudança do perfil econômico dos municípios. Antes a região era de pastagens e as rodovias usadas somente para o transporte do gado. Com o projeto Nova Fronteira Agrícola, implantado há 3 anos, o pasto cedeu espaço para o plantio da soja e do milho. “As rodovias não estão adequadas para suportar o peso dos caminhões”, fala Milton.

A solução para a região Noroeste ainda vai ter que esperar um pouco. O governo abriu licitação para recuperação de vinte lotes. Mas apenas vinte empresas se candidataram: uma para cada lote. O processo está parado. O governo está estudando a possibilidade de as empreiteiras terem agido de má-fé, para evitar a concorrência.

Metas para este ano

Segundo Pugliesi, a meta para este ano é restaurar 1,6 mil quilômetros da malha, reduzindo para 20% os trechos ruins. Para isso, estão sendo destinados ao DER R$ 431 milhões, praticamente o dobro do orçamento aplicado em 2003, que foi de R$ 211 milhões. Em 2004 vão ser aplicados R$ 275 milhões só em obras de recuperação. O governo ainda está contando com mais R$ 100 milhões referentes ao imposto sobre combustíveis. O restante do montante do DER será aplicado para conservação das estradas e construção de novos trechos.

Entre as obras que vão ser realizadas em 2004, está a duplicação da BR-467 que liga Cascavel a Toledo. A pavimentação em concreto de todos os acessos ao Porto de Paranaguá, o que contabiliza 25 quilômetros. E, ainda, o asfaltamento da PR-092 que liga Rio Branco do Sul à cidade de Cerro Azul. Esses serviços estão divididos em três programas: Paraná 12 Meses, Boa Estrada e o Programa de Conservação e Manutenção. Vão ser empregados recursos do Estado, Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), imposto sobre combustíveis (Cide) e Detran.

Vicinais preocupam prefeitos

Além do problema com as rodovias estaduais, os prefeitos estão preocupados com as vias vicinais. A chuva dos últimos meses deixou muitas lavouras praticamente isoladas. Eles aguardam uma resposta da Secretaria de Estado dos Transportes sobre uma possível ajuda na recuperação das estradas.

Segundo o presidente da Associação dos Municípios do Paraná, Joares Lima Henrichs, os gastos com a conservação aumentaram em 47%, enquanto o repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) teve reajuste de apenas 4%.

Joares explica que dos 399 municípios paranaenses, 73% têm como a principal fonte de renda o FPM. Com a elevação nos gastos para a conservação das estradas, eles acabaram ficando sem dinheiro para dar conta do serviço. As chuvas deixaram as estradas intransitáveis em vários pontos do Estado, destruiu pontes e bueiros. Segundo o secretário dos Transportes, Valdir Pugliesi, a responsabilidade sobre a manutenção dessas estradas é dos próprios municípios. Mesmo assim, o governo está estudando a situação. Já foi assinado convênio para a implantação de 500 quilômetros com pedras irregulares na região Sudoeste e Oeste, resolvendo o problema.

Recapeamento da 116 não é o apropriado

As rodovias federais também apresentam problemas no Paraná. Um dos pontos que mais incomodam os motoristas na região de Curitiba fica na BR-116, entre o bairro Atuba e Campina Grande do Sul.

O caminhoneiro Antônio Carlos Borba, 40 anos, diz que a pista está com o recapeamento inapropriado: há buracos e muitas ondulações. “Com freqüência, eu quebro a mola do caminhão. Cada vez são R$ 180 na troca”, reclama. O motorista Jair Henrique Alves dos Santos, 38 anos, explica que as ondulações são perigosas e podem tombar os caminhões. “A gente perde tempo e dinheiro. Tem que trafegar entre 30 e 40 quilômetros por hora”, reclama.

Se para os caminhoneiros a situação é ruim, para o borracheiro que trabalha ao lado da estrada os problemas são uma “mina de ouro”. “Com freqüência, estoura o pneu dos carros pequenos”, fala Alcides Laureci Filho, 44 anos.

O coordenador do Departamento Nacional de Infra-Estrutura Terrestre (Dnit) no Paraná, Rosalvo Gizzi, diz que há duas semanas uma empresa começou o trabalho de conservação do trecho na BR-116. Em breve, será feita uma licitação para a restauração.

Rosalvo diz que são poucos os pontos do Estado onde não há empresas contratadas para a manutenção. O processo de licitação dos trechos que faltavam estão em andamento. Um deles fica na BR-153 entre Santo Antônio da Platina e Ibaiti. Na obra devem ser empregados R$ 41 milhões. O processo de licitação já foi concluído, falta a liberação de verbas. Já o processo de licitação da BR-476, entre Curitiba e São Mateus, está parado. Uma das empresas concorrentes entrou na Justiça.

Este ano, o governo do Paraná vai recuperar a Estrada do Boiadeiro, a BR-487. Segundo dados da Secretaria de Transportes, a extensão total das BRs no Estado é de 3,5 mil quilômetros. Duzentos quilômetros ainda estão sem asfalto, 1.440 quilômetros precisam de reparos e 1.860 quilômetros são pedagiados.

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