Esperas intermináveis nas filas do SUS

A aposentada Ina Moraes, 77 anos, espera há mais de um ano por uma cirurgia necessária à cura de uma úlcera varicosa que tem na perna. A ferida evoluiu a tal ponto que a idosa não consegue mais andar ou dormir por causa da dor. O procedimento, que ela precisa fazer pelo Sistema Único de Saúde (SUS), embora simples, pode salvar sua vida, mas mesmo com a ordem de ser submetida com prioridade ao procedimento a espera ainda é longa. ?Tenho medo de perder a perna e não poder mais andar?, desabafa.  

O caso de dona Ina não é diferente do de milhares de pessoas no Paraná e em todo o País que dependem do SUS para submeter-se a intervenções cirúrgicas. Para se ter uma idéia, só para cirurgias cardíacas, incluindo as vasculares, o Ministério da Saúde disponibilizou no ano passado quase R$ 825 milhões para a realização de 215.415 procedimentos. Em Curitiba, toda a clínica cirúrgica do SUS englobou em 2006 quase R$ 107 milhões, somando as 76.337 intervenções realizadas em diversas especialidades. No âmbito do Estado, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), são realizadas em média 3.400 cirurgias eletivas por mês, com montante de cerca de R$ 1,9 milhão mensais repassados pelo ministério.

No entanto, esses números não demonstram uma parcela da população que tem de esperar e muito pelas cirurgias na saúde pública. No Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba, um dos dois que realizam os procedimentos pelo SUS na capital, cirurgias para problemas vasculares, gastroplastia (redução do estômago) e a colisistectomia videolaparoscópica (que permite a retirada da vesícula por vídeo), são algumas das mais requisitadas e com as maiores filas.

No caso da cirurgia de varizes, especificamente, a diretora de assistência do HC, Maria Ângela Pedroso, estima haver pelo menos 400 pessoas aguardando a vez. ?Fazemos uma ou duas (cirurgias) por semana, no máximo, porque não temos estrutura para um número maior?, diz, citando que para todas as cirurgias cardíacas e vasculares feitas pelo SUS o hospital dispõe de apenas seis leitos.

No caso de dona Ina, a superintendente de gestão da Secretaria Municipal de Saúde, Eliane Chomatas, explica que a aposentada foi encaminhada para tratamento ambulatorial, mas faltou a boa parte das consultas, o que foi justificado pela paciente por dificuldade de locomoção. ?Agora, ela fez nova consulta médica e foi encaminhada para cirurgia vascular. Atualmente, ela se encontra em prioridade na fila?, garante. 

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