Se vira nos 30!

Escolas de samba sofrem para conseguir grana para o carnaval

Já virou tradição: mais uma vez, as escolas de samba de Curitiba e região metropolitana tiveram que correr para deixar tudo pronto para entrar na avenida. O apoio financeiro previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA) foi novamente repassado em cima da hora – no dia 14 de janeiro, a pouco mais de três semanas do desfile -, deixando diretorias e carnavalescos no atropelo para terminar fantasias e alegorias a tempo. De acordo com a lei municipal 14.156, de 2012, a verba deve ser disponibilizada, no mínimo, 180 dias antes.

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Neste ano, a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) direcionou R$ 394,2 mil para as agremiações carnavalescas – R$ 60 mil às escolas do Grupo Especial, R$ 30,6 mil para as do Grupo de Acesso e R$ 24 mil para a escola iniciante. “É sempre isso. O que você compra com 20 dias de prazo, refugo? Tem mais de 10 anos que é assim, no ano passado, o depósito foi feito oito dias antes do desfile. Escola de samba não é uma empresa, é comandada pela comunidade”, reclama Irajá Carvalho, presidente da Embaixadores da Alegria, para quem o edital do carnaval já foi lançado com atraso.

Segundo o carnavalesco Fábio Bento, da Imperatriz da Liberdade, que caiu do Grupo Especial para o Grupo de Acesso em 2015, a escola foi rebaixada por causa do demora do repasse, que comprometeu os preparativos: “Já vimos que não dá para esperar esse dinheiro sair. Este ano nos antecipamos e buscamos recursos de forma alternativa, fazendo eventos, empréstimos, pedindo dinheiro para apoiadores”, conta.

“A gente nem espera muito, se esperar, não faz carnaval. A gente corre atrás, compra sempre no crédito, com cheque pré-datado, faz muita festa, feijoada”, diz Jorge Morais, diretor da Mocidade Azul, campeã no ano passado.
Azar de principiante

Fundada em fevereiro de 2015, a estreante Império Real de Colombo está em maus lençóis. “Estamos tendo muitas dificuldades, não recebemos apoio da prefeitura de Colombo. Como somos iniciantes, não tem nem como reaproveitar fantasias do ano anterior, que é o que muitas escolas fazem”, lamenta a presidente Rosemeri Peretti.

Parcerias ajudam

Para o presidente da Acadêmicos da Realeza, Paulo Roberto Scheuneman, “o atraso no repasse financeiro e na burocracia não é bom para ninguém, mas estamos até em solo bom, muitas cidades cancelaram o carnaval”. Para lidar com as adversidades de fazer carnaval em Curitiba, algumas escolas de samba buscam ajuda em agremiações de outras cidades e estados. A Acadêmicos da Realeza tem contato com a Gaviões da Fiel, de São Paulo. “Existe apoio na parte de preparação humana, eles nos ensinam, nós vamos pra lá pra aprender. Quanto a materiais e produtos, ainda está começando a colaboração”, conta Paulo Roberto.

Já a Embaixadores da Alegria é parceira de escolas de Joinville (SC) e Paranaguá (PR) e é “afilhada” da Salgueiro (RJ). “Ou recebemos um estoque de roupas dos nossos padrinhos como doação, ou conseguimos comprar deles mais barato. Com as escolas do Sul, acontece um intercâmbio de integrantes e de mão de obra”, conta o presidente Irajá Carvalho.

Por sua vez, a Leões da Mocidade não tem estrutura para esse tipo de troca. “Fica difícil, porque mandar alguém para São Paulo ou Rio gera custos. Nossa escola é a mais caseira de todas, tudo é feito por nó,s”, diz o presidente Vilmar Alves.

Problema crônico

O presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Marcos Cordiolli, reconhece que o atraso no repasse financeiro é um problema crônico. “É uma situação que estamos tentando melhorar. O recurso é determinado no final do ano, e como o carnaval ocorre no período inicial do ano, coloca dificuldades operacionais para a prefeitura. Há todo um processo, um rito lento, com abertura de edital, avaliação de documentação, julgamento, fase recursal. Este ano, o Carnaval acontece bem no começo de fevereiro, e pelo prazo ainda mais curto, até conseguimos adiantar o recurso perante a burocracia”, afirma.

Segundo ele, para que a verba saia com a antecedência adequada, em julho ou agosto do ano anterior, seria necessária uma mudança de modelo, na qual a FCC está trabalhando.

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