Erasto Gaertner enfrenta a sua pior crise financeira

O Hospital Erasto Gaertner (HEG), centro de referência no tratamento contra o câncer, em Curitiba, está enfrentando uma das piores crises financeiras de sua história. O hospital acumula dívida de cerca de R$ 2,5 milhões – R$ 1 milhão relativos a impostos atrasados e R$ 1,5 milhão referentes à falta de pagamento a fornecedores – e precisou tomar uma medida de emergência: há cerca de um mês, fechou parte de uma ala de internamento, reduzindo o número de leitos de 176 para 136.

“O hospital prefere atender menos pessoas, mas com a qualidade de sempre, a atender todo mundo, quebrar e fechar”, explica o superintendente do hospital, médico José Carlos Gasparin Pereira. Apesar da crise, o médico faz questão de tranqüilizar os pacientes internados no hospital ou que fazem tratamento no Erasto Gaertner. “A gente não quer causar pânico à população. O hospital não vai fechar. Queremos apenas alertar para um problema que assola não só o nosso hospital como os de todo o País”, acrescenta o superintendente.

Segundo ele, dois motivos principais levaram à crise financeira: a primeira diz respeito à falta de atualização da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), por parte do governo federal. A tabela de radioterapia, exemplifica o médico, não é reajustada desde 1991. “Temos um paciente internado, uma criança, que vai custar para o hospital R$ 6 mil, enquanto o repasse será apenas de R$ 500”, conta. A situação se agrava quando se percebe que 86,4% dos atendimentos no HEG são pelo SUS, enquanto 13,6%, através de convênios.

Outro motivo é a falta de subsídios por parte dos governos estadual e municipal. Segundo ele, o hospital solicitou ao governo estadual subsídio de R$ 300 mil, mas ainda não foi atendido. “Sem o subsídio, é impossível atender os doentes adequadamente”, sentencia.

Déficit

De acordo com o superintendente, a receita global do hospital gira em torno de R$ 1,8 milhão por mês, enquanto os gastos são de R$ 2 milhões a R$ 2,2 milhões. “Todo mês, temos déficit de R$ 200 mil a R$ 400 mil”, diz o superintendente. Como a captação de recursos pela Rede Feminina de Combate ao Câncer soma cerca de R$ 200 mil por mês, a diferença cai para cerca de R$ 200 mil. Só o ambulatório, segundo o superintendente, dá um prejuízo de cerca de R$ 70 mil mensais. São realizados cerca de 4,3 mil atendimentos no ambulatório, por mês.

O Hospital Erasto Gaertner foi fundado em 1972. No ano passado, prestou 178.236 atendimentos. Em 2001, foram 141 mil atendimentos e, no ano anterior, 128 mil. A capital e a Região Metropolitana respondem por 66,7% dos atendimentos, e o interior do Paraná, 30,4%. Já 3% vêm de outros estados, principalmente de Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

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